Diocese do Porto aposta no Património

Inventariação patrimonial quer lançar revolução cultural e envolver a população na defesa dos seus bens A diocese do Porto quer fazer uma revolução cultural. Impulsionada pela inventariação em curso do seu património cultural, a diocese quer também envolver a população na defesa dos seus bens. Esta intenção foi dada a conhecer durante a apresentação das conclusões da primeira fase da inventariação do património. Um conjunto de mais de mil igrejas existentes nos seus 26 concelhos, correspondentes a 477 paróquias. Até agora foram inventariadas 5299 peças, num levantamento fotográfico que passa a ser constituído por mais de 70 mil fotografias, várias para cada objecto, em 290 edifícios das 97 paróquias incluídas nesta fase. O padre Manuel Amorim, responsável pelo Secretariado do Património Cultural da Diocese do Porto aponta ao programa ECCLESIA que as principais razões deste projecto vai além da “defesa e salvaguarda dos bens culturais”, pois estes desempenham “um papel importante na evangelização, no culto divino e para a piedade popular”. Para isso é importante “reconhece-los e usa-los, mas também saber descobrir neles a mensagem que transmitem hoje”, sustenta, atribuindo a este projecto uma “obrigação moral”. A obrigação de ter um inventário é muito antiga e todas a normas eclesiásticas e actualmente o Código de Direito Canónico aponta para a necessidade de ter um inventário actualizado e pormenorizado de todos os colaboradores eclesiásticos. Em 1999 surgiu uma directiva da Comissão Pontifícia dos Bens Culturais que “fala precisamente em necessidade e urgência”, recorda o responsável pela Secretaria do Património Cultural da Diocese do Porto. A Diocese do Porto é grande, “este foi apenas um início”, tendo-se optado por incidir por enquanto nas áreas de pintura, escultura, ourivesaria e paramentaria, e em cinco concelhos apenas – Maia, Felgueiras, Baião,Castelo de Paiva e Oliveira de Azeméis – “ porque estava mais desertificado e, portanto, em maior risco de abandono”. Numa segunda fase, o projecto promete incidir sobre as áreas da talha, da cerâmica, do azulejo, dos móveis, num projecto que prevê a sua duração de cinco a seis anos e cujo apoio está a ser dado por fundos comunitários. Este é um caminho que prevê a gestão do património, envolvendo “também leigos que se mostram motivados para a conservação”, explica o Pe. Manuel Amorim, pois este foi um processo “não apenas técnico, mas envolveu toda a comunidade”, factor decisivo para uma maior valorização. Em cada paróquia foi estabelecida uma comissão de voluntários que está a participar na inventariação, apoiando um técnico responsável. “Estes núcleos não se vão extinguir com o fim da inventariação, porque, ao adquirirem essa consciência, ficam automaticamente implicados na respectiva defesa e conservação. Há, que aproveitar isso”, frisou. Após a inventariação em curso, estes núcleos darão lugar às Equipas de Património, que terão a incumbência de velar, em permanência, pelos bens culturais e organizar a melhor forma de os colocar ao serviço da comunidade, nomeadamente criando núcleos museológicos ou organizando exposições temáticas, isoladamente ou em conjunto com outras paróquias. Este envolvimento “pode influenciar a restante população para a defesa dos bens patrimoniais”, afirmou, sendo simultaneamente uma acção com uma componente educativa dirigida às crianças e aos jovens, que estão a ser envolvidos através de múltiplas formas como, por exemplo, concursos de desenho tendo por tema os bens patrimoniais religiosos locais. “A melhor apólice de seguro para o património é o reconhecimento do seu valor por parte da generalidade da população”, refere o responsável pelo Secretariado do Património Cultural da Diocese do Porto. “Guardar os tesouros e não os proteger significa retirar da memória do povo esses bens”. Outro argumento em apoio da necessidade de criar estruturas para exibir os bens culturais da Igreja é o de que “o contacto com os bens culturais educa a sensibilidade do povo, enriquece-o e leva-o a ter mais cuidado não só com os bens culturais, mas também com o ambiente que o rodeia”. A Diocese do Porto já manifestou abertura para incluir o seu património de arte sacra nos roteiros de turismo cultural. O Pe. Manuel Amorim referiu que se está a tentar, com recurso a fundos europeus, criar várias rotas turísticas, a exemplo da Rota do Românico do Vale de Sousa, iniciada em 2003, que abrange 15 igrejas, um mosteiro, duas pontes e uma torre nos concelhos de Penafiel, Paredes, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras. D. Manuel Clemente acredita que “a necessidade de conservar e proteger o património passa por conhecer e por saber onde está, e a inventariação científica é absolutamente necessária para estas condições”. O Bispo do Porto dá conta de que “o país começa a ter pessoas formadas nestas áreas”. No caso do Porto, o Pe. Amorim advertiu para esta necessidade e para um projecto exigente, “e concorreu com uma proposta muito bem aceite nos organismos do desenvolvimento da zona Norte”. Mas adverte que “este um pequeno passo”. Com Agência Lusa

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Agência ECCLESIA

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