D. Manuel Quintas convidou os católicos a propostas de aprofundamento da fé
A Diocese do Algarve peregrinou no passado domingo, 4 de Outubro, a Fátima para entregar a imagem de Nossa Senhora que entre 2007 e 2009 visitou todas as paróquias algarvias no âmbito do biénio que se incluiu no seu actual Programa Pastoral que se estende até 2012.
Cerca de 2500 pessoas, entre Bispo, padres, diáconos, religiosas, seminaristas e leigos, convergiram ao Santuário da Cova da Iria em autocarros, carrinhas e carros particulares que começaram a chegar por volta das 12h30.
Como peregrinos, os algarvios continuaram a deixar-se conduzir por Maria tal como o fizeram ao longo dos últimos dois anos e foram a Fátima, em representação de cada uma das paróquias e comunidades algarvias, da Igreja diocesana do Algarve e até de todo o povo algarvio que foi simbolicamente depositado nas mãos e no coração da Senhora de Fátima. Isso mesmo o fez questão de sublinhar o Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, que presidiu à Peregrinação Diocesana do Algarve.
No auditório do Centro Pastoral Paulo VI, a tarde teve início com as boas vindas do Bispo diocesano, D. Manuel Quintas, seguindo-se a celebração que não só procurou exprimir o que se viveu com a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, mas projectou também os objectivos que a diocese tem para o novo ano pastoral de 2009/2010 que agora se iniciou.
Os vários momentos litúrgico-simbólico-artísticos ajudaram o auditório a reviver e enquadrar a visita mariana e perspectivar o futuro próximo no contexto da sociedade actual, sendo a entronização da imagem peregrina no auditório um dos momentos mais significativos da tarde. “Temos prédios altos mas casas fechadas; espaços maiores e famílias reduzidas; auto-estradas largas, mas pensamentos estreitos; gastamos mais e possuímos menos. Visitámos a Lua, mas estamos distantes dos vizinhos; tanto nas vitrinas e tão pouco nas dispensas. Construímos a computadores e privilegiámos a técnica e comunicamos menos”, lamentava-se.
Em destaque esteve a Pastoral Vocacional, a Pastoral Sócio-caritativa e a Pastoral Familiar, os três sectores a privilegiar pela Diocese do Algarve no decurso no próximo biénio pastoral de 2009-2011.
A tarde no Centro Pastoral terminou com a emotiva e comovida despedida à imagem de Nossa Senhora que foi entregue ao Santuário, perante o acenar de um mar de lenços azuis estampados com o logótipo da diocese algarvia. Seguiu-se depois a Eucaristia celebrada na igreja da Santíssima Trindade presidida pelo Bispo do Algarve e concelebrada pelo numeroso grupo de sacerdotes algarvios presentes, assim como a oração do rosário, após o jantar, na capelinha das Aparições, e a procissão de velas, tendo o Algarve ficado ainda com a recitação do primeiro mistério do terço.
A Peregrinação Diocesana a Fátima teve ainda a particularidade de ser participada por um peregrino que seguiu a pé, quase sempre descalço, desde Cacela até Fátima e por um outro que preferiu ir de cavalo, tendo merecido o reconhecimento do Bispo diocesano pelo sacrifício.
Apelos do Bispo
D. Manuel Quintas interveio, no auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em nome de toda a diocese para agradecer a visita Virgem de Fátima. “Com Ela toda a nossa Igreja diocesana peregrinou ao encontro de Cristo. Com Ela quisemos ouvir de maneira mais atenta esse grande apelo inspirador do Programa Pastoral que nos anima nestes anos: «Fazei o que Ele vos disser»”, destacou o Bispo diocesano, garantindo que a Igreja algarvia pretende agora “continuar a escutar este apelo” e “com Maria, permanecer em Cristo”.
“Queremos conhecer quem é Cristo para nos encontrarmos com Ele, para a partir d’Ele sermos cristãos mais conscientes, vivos e corresponsáveis na nossa Igreja diocesana”, complementou, apelando a que o próximo biénio seja um “tempo privilegiado de conhecer mais intimamente Cristo”.
O Bispo do Algarve, que sublinhou a importância de se continuar a privilegiar a escuta e estudo da Palavra de Deus segundo o método de Lectio Divina, ressalvou que, apesar de a sua imagem peregrina voltar a Fátima, Nossa Senhora continuará com os algarvios. “Ela vai continuar connosco a acompanhar-nos, a fortalecer-nos na fé e na fidelidade ao nosso Baptismo para que possamos permanecer em Cristo e recebermos d’Ele a força de que precisamos para o anunciarmos”, frisou, advertindo que “só deixando-nos conduzir por Maria, poderemos permanecer em Cristo e deixar que Ele permaneça em nós”.
O prelado pediu no entanto aos cristãos algarvios que não se detenham em Nossa Senhora. “Não fiquemos e não fixemos apenas o nosso olhar em Maria. Ela dirige-o para Cristo. É Ele que queremos servir e é com Ele que somos chamados a nos identificar”, clarificou.
Por fim, o Bispo do Algarve apelou aos algarvios a que adiram “a todas as propostas de aprofundamento da fé” e à corresponsabilidade dos leigos na Igreja. “Gostava que a nossa Igreja do Algarve fosse constituída por gente que vive de modo consciente a sua fé, que celebra com alegria e autenticidade os sacramentos, de maneira particular a Eucaristia. Uma Igreja só é verdadeiramente Igreja quando, ao lado dos Bispos e dos padres, há leigos comprometidos e conscientes da sua vocação e missão”, acrescentou.