Comunicado final das Jornadas de Formação do Clero de Viseu A partir das reflexões propostas pelos Conferencistas e intervenientes nesta Semana de Formação, tomámos maior consciência da importância da afirmação do Sacerdócio de Cristo como base e fundamento essencial do Povo Baptismal e Sacerdotal que todos constituímos e, ao mesmo tempo, da importância do Presbitério como o Colégio da nossa identidade e missão, vividas na co-responsabilidade com o Bispo, a Cabeça do mesmo. O Sacerdócio de Cristo significa mesmo, para todos nós, a fonte e o modelo da comunhão, da complementaridade, da co-responsabilidade e dos carismas, integrando todas as diferenças. Estas, porque existem e porque são essenciais no Povo de Deus, são expressões de Ministérios que, uns ordenados e outros laicais, instituídos ou não, concorrem para a realização da Igreja, toda ela ministerial, chamada a ter no Ministério da Caridade o seu coração. Nós, sacerdotes, somos chamados, como participantes no Ministério Ordenado, a promover, a preparar e a orientar os fiéis leigos para serviços e carismas que, reconhecidos ou não como ministérios, são de participação no mundo e nas realidades terrenas, o seu campo próprio, aprendendo da história da Igreja Antiga e da Tradição e, sobretudo, atendendo às circunstâncias e necessidades das pessoas e das estruturas do nosso tempo. Os fiéis leigos, mais do que “objectos”, são “sujeitos” da pastoral da única Igreja de Cristo e são chamados a actuar, mais do que no “interior” da Igreja, na sociedade e no mundo – “a imensa catedral do universo de Deus” – vivendo nas diversas tarefas e áreas que fazem parte da sua vida e compromisso, sendo aí o sacramento visível e eficaz da mediação de Cristo. Na verdade, nós sacerdotes, não somos “patrões” dos dons de Deus, pois os leigos têm, nesses lugares, o primeiro lugar e são mesmo insubstituíveis, tornando-se a face visível da Igreja. Uma área a que precisamos de atender, como Igreja atenta ao mundo e aos tempos, é a dignificação da pessoa humana, promovendo a justiça e a caridade como os verdadeiros ministérios de diaconia da Comunidade, descobrindo carências, denunciando injustiças, prevenindo causas e propondo um reino de verdade, procurando ser agentes de uma cidadania global num mundo cada vez mais globalizado. Para além desta área concreta, importa ter presentes alguns sectores que, na nossa sociedade são mais sensíveis e mais esquecidos, como o serviço aos diversos grupos de marginalizados, a assistência a idosos e enfermos e o serviço de assistência à família, estando sempre atentos às exigências da justiça e nunca esquecendo que a caridade é chamada a ir muito mais além. Estamos conscientes da necessidade de formação, sentindo que a EDEC (Escola Diocesana de Educação Cristã) é um bom princípio, a implementar nas diversas zonas da Diocese, para ser uma verdadeira Escola de Ministérios. Tendo em conta estes vários pontos de reflexão, fomos sensibilizados, como Presbitério da Diocese de Viseu, para algumas urgências: – Formação do Presbitério para uma maior vivência da comunhão, do diálogo e da alegria na espiritualidade, no estudo das situações concretas, no planeamento pastoral e no trabalho em grupo. Sem esta comunhão, as nossas estruturas são máquinas sem alma. – Maior investimento na formação dos leigos para o espírito de pertença à comunidade, para a co-responsabilidade nos serviços e para a acção e testemunho cristão nas diversas áreas e dimensões da sua vida humana, familiar, profissional e social, numa atenção concreta à Doutrina Social da Igreja. Para todos os cristãos, sacerdotes e leigos, a vivência da caridade e a busca da justiça social não podem ser utopias inatingíveis e, muito menos, opções facultativas. – Dar mais credibilidade aos ministérios existentes e reconhecidos pelas comunidades – surgidos para responder a necessidades concretas – e conceder a graça sacramental do Diaconado Permanente àqueles que já realizam estas funções diaconais com aceitação geral. – Fazer passar pelo ministério profético – parte substancial do nosso ministério sacerdotal, unido ao único sacerdócio de Cristo – o anúncio e promoção da dignidade da pessoa humana, fundamentada na liberdade e na autonomia, reconhecendo, ao mesmo tempo, a inviolabilidade, o valor e o sentido da vida de toda a pessoa, “via fundamental da Igreja” e princípio, centro e fim de todas as instituições.