Diocese de Viana do Castelo celebra hoje 30 anos

A população do Alto Minho, domiciliada na circunscrição do distrito de Viana do Castelo, é Igreja diocesana e celebra hoje, 3 de Novembro, 30 anos. As gerações ancestrais de Entre-Minho-e-Lima fizeram parte da Diocese de Tuy, de 569 a 1382. Mercê de certos caprichos da história, de 1382 a 1444, gozaram de uma certa autonomia religiosa, com sede na Colegiada de Valença, legalizada e assumida como Administração Eclesiástica, directamente ligada a Roma pelo Papa Urbano VI, em 02.08.1385, e, de 1444 a 1513, fizeram parte da Diocese de Ceuta. Na prática, pelo menos durante alguns anos, a sede episcopal esteve em Viana. Comprova-o a celebração, aí, de um – o último – dos quatro Sínodos realizados na Administração Eclesiástica de Valença. Em 25.06.1513, pela bula Inter curas múltiplas, Leão X autorizou que as dioceses de Braga e Ceuta permutassem entre si os territórios de Olivença e de Valença. Braga cedeu Olivença a Ceuta e Ceuta entregou, a Braga, Valença. Este território e suas gentes foram, assim, integrados na Arquidiocese de Braga, à maneira de moeda de troca e equilíbrio patrimonial entre ambas as dioceses , tendo em vista, certamente, o melhor proveito pastoral. A experiência de autonomia religiosa vivida ao longo de mais de um século e o testemunho de maturidade administrativa incontestável, resultante do desmembramento da Diocese de Tuy, como abjuração do cisma de Avinhão e prestação de obediência ao verdadeiro sucessor de Pedro, em Roma, não se podiam compadecer com posteriores decisões jurídicas, sobretudo accionadas pelas monarquias de ambos os Estados Ibéricos, algumas delas baseadas em razões nada convincentes. Em consequência, os cristãos desta Administração Eclesiástica rejeitaram a pretensão do rei D. João de Castela, em 1438, quando exigia que de novo voltassem à Diocese de Tui. Custou-lhes, também, a determinação de serem anexados à Diocese de Ceuta, em 14.07.1444, pela bula Romanus Pontifex, de Eugénio IV, a pedido do regente D. Pedro, como forma de compensação no ajuste de contas entre a Coroa Real e aquela Diocese. Outrossim, com muita resignação, aceitaram a sua incorporação em Braga, no tempo de D. Diogo de Sousa. A aspiração dos católicos alto-minhotos pela criação da Diocese de Viana, assumida com forma jurídica, ascende a 1545, no reinado e com a interferência de D. João III. Mas foi, sobretudo, durante o século XX que os desejos desta população se tornaram mais visíveis e convincentes: em 1920, em seu nome, intervieram os Viscondes de Montedor; em 1926, por ocasião da criação da Diocese de Vila Real, sacerdotes e leigos renovaram o pedido à Santa Sé; mais tarde, reforçaram o mesmo pedido nos anos 1942 e 1943. As iniciativas, sempre apoiadas, participadas e aplaudidas pelo clero e pelo povo de Viana, tornaram-se cada vez mais contundentes e persistentes, nos anos 1964, 1970 e 1977. Assim, – também com a intercessão do Beato Bartolomeu dos Mártires, que se apaixonou por esta terra e sua gente, tendo-as preferido para sua última morada -, neste mesmo ano de 1977, no dia 03 de Novembro, o Papa Paulo VI, pela Constituição Apostólica Ad aptiorem populi Dei, separando da Arqui-diocese de Braga o território que constitui o distrito de Viana, erigiu canonicamente a Diocese de Viana do Castelo. Com a criação da Diocese de Viana, estando vaga a Arquidiocese de Braga, por morte de D. Francisco Maria da Silva, o Papa nomeou, respectivamente, para Braga, D. Eurico Dias Nogueira, Bispo com longa e meritória carreira episcopal em Moçambique e em Angola, e, como primeiro Bispo da nova Diocese, D. Júlio Tavares Rebimbas, um Pastor bem testado, como Pároco e Vigário Geral, em Aveiro, como Bispo, no Algarve, e, até então, Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa, com o título de Arcebispo de Mitilene. Foi a estes dois Arcebispos que coube o diálogo para a concretização da Constituição Apostólica Ad aptiorem populi Dei. Se a criação da Diocese de Viana do Castelo, pelos cristãos do Alto Minho, à volta do seu novo Pastor, foi acolhida com estrondosa explosão de alegria e com manifesta e sentida gratidão, em expressões de veneração e comunhão com a Sé de Pedro, por parte de quem se considerou Diocese-mãe, a satisfação não foi tão patente. Compreendem-se as diferentes reacções. Com o tempo, todos aceitaram a nova realidade: um novo bispo, uma outra catedral, a separação do clero, a distinção dos seminaristas. A entrada solene e tomada de posse do primeiro Bispo da nova Diocese ocorreram no dia 08 de Janeiro de 1978. Foi um dia de festa para Viana do Castelo. Pe. Sebastião Pires Ferreira Vigário-Geral da Diocese de Viana

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