A última reunião do Conselho Pastoral Diocesano de Setúbal abordou o tema “A Formação da Consciência”. Este tema situa-se no programa pastoral diocesano que, no conjunto do triénio dedicado à Sagrada Escritura, dá, no presente ano, particular atenção à formação da consciência dos cristãos que tem na Palavra de Deus a sua fonte e a permanente iluminação nos Mandamentos. Os conselheiros reconheceram que alguns cristãos se deixam facilmente arrastar na onda de relativismo e de subjectivismo, segundo os quais se considera que não há verdades nem valores absolutos e permanentes. Os cristãos que perderam, ou não chegaram a adquirir, o sentido da Verdade revelada por Deus e depositada no coração de cada pessoa, a partir da qual se forma a consciência sensível ao bem e ao mal, esqueceram as importantes, e hoje mais actuais, palavras de São Paulo aos Romanos: “Não vos amoldeis às estruturas deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada, o que é perfeito” (Rom 12, 2). E isto é preocupante, nomeadamente porque os pais que se encontram nesta situação não são capazes de educar os seus filhos para os valores cristãos e gerações sucessivas poderão ficar desprovidas da riqueza do sentido pleno da vida e incapazes de agir com a sabedoria (com a ciência=consciência) que leva ao bem e à felicidade. De facto, os cristãos têm de ter uma sólida formação na fé, conhecendo toda a riqueza – e beleza – da Revelação de Deus, feita por e em Cristo. Só assim, serão capazes de resistir à tentação de se “amoldarem” ao relativismo e subjectivismo que caracterizam a cultura predominante. Só assim, serão capazes de fazer, como sempre fizeram os santos, a ruptura com a mentalidade e os critérios reinantes. Só assim serão referência e desafio para os que estão à sua volta. A formação da consciência passa, pois, pela família, pela catequese sobretudo dos adultos, pela leitura meditada da Sagrada Escritura, pela conversão permanente, pela confissão e pela direcção espiritual. Um aspecto particular – e actual – da formação da consciência é o da atitude face ao próximo referendo sobre o aborto. Importa esclarecer o que, de facto está em causa: a vida humana, cuja dignidade e cujo direito são um valor absoluto que se sobrepõe a qualquer problemática circunstancial com que se pretenda justificar a sua legalização. Os cristãos são chamados não só a aprofundar a Verdade objectiva sobre este assunto, à luz da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja, e a agir em conformidade, mas a ajudar as pessoas mais próximas a reconhecerem o valor da vida humana em todas as suas etapas de desenvolvimento, a partir da concepção.