Padre Francisco Melo, coordenador da Missão Jubilar
A Diocese de Aveiro está a viver a Missão Jubilar por ocasião dos 75 anos da restauração da Diocese e em comunhão com a Igreja Universal, o ano da Fé.
É Missão porque queremos assumir, como fruto do nosso batismo e consequente discipulado de Cristo, o envio que Ele nos faz para sermos no aqui e agora da nossa história humana de Aveiro rosto da Esperança. É Jubilar porque queremos testemunhar que ser cristão é ser feliz, independentemente de todas as crises e de todos os fracassos. Trazemos em nós a Esperança das esperanças.
Este projeto de Missão Jubilar, desde há anos que vem sendo desenhado nas diversas instâncias pastorais da Diocese: conselho diocesano de pastoral, conselho presbiteral, conselho episcopal, reunião geral de serviços diocesanos e movimentos e reuniões arciprestais de clero. Mas, a partir de janeiro de 2012 foi trabalhado e refletido em todos os arciprestados em reuniões para as quais foram convidados todos os agentes de pastoral das paróquias. A Missão Jubilar não é, por isso, a ideia de um ou dois, mas o fruto do que o Espírito de Deus provocou nesta Igreja inteira.
Fomos sentindo neste projeto a hora de Deus para esta Igreja, por isso assumimos como lema “Vive esta hora”, inspirando-nos no salmo 118. Sentimos na Missão Jubilar um verdadeiro “choque operativo”. Choque porque queremos desinstalar-nos e abalar as indiferenças. Choque operativo também por aquilo que nos propomos fazer. Ao longo da Missão Jubilar, a Igreja de Aveiro é desafiada a refletir o Evangelho de Cristo, mas é sobretudo desafiada a vivê-lo na ação concreta. “A nossa casa é o mundo”, por isso todas as ações propostas realizam-se fora do templo.
A proximidade não se diz, provoca-se. Centenas de cristãos estão neste momento a percorrer as dezenas de milhares de casas da nossa Diocese levando consigo esta mensagem de que ser cristão é ser feliz e procurando envolver a todos neste caminho. Num mundo onde se morre sozinho, onde o anonimato é cada vez maior queremos provocar a proximidade e estabelecer conhecimento pessoal. O choque operativo passa ainda por tantas outras ações singelas, mas ao mesmo tempo inesperadas. São exemplo disso o estandarte que queremos colocar no exterior de todas as casas procurando não só dar cor às ruas das nossas aldeias, vilas e cidades, mas também procurando envolver todos nesta hora de Deus para nós. Queremos levar a Palavra de Deus para os lugares mais inusitados como ruas, rotundas, árvores, carros, etc. Queremos gritar a paz pela construção de um mundo mais fraterno e irmão e vamos fazê-lo à mesma hora em todos os dez arciprestados da Diocese e em jeito de “flash mob”. Vamos percorrer todas as casas recolhendo a partilha de bens não perecíveis para com os que mais precisam e vivem momentos de carência e dificuldade. Queremos enviar esta Igreja inteira ao encontro dos que vivem sozinhos, abandonados e estão doentes nos seus leitos nos recônditos mais escondidos das nossas casas. Queremos testemunhar na cidade de Aveiro que assumimos como caminho no discipulado de Cristo o exemplo da nossa padroeira, Santa Joana Princesa. Queremos dizer bom dia, saudar de modo significativo todos aqueles com quem nos cruzarmos nas ruas das nossas vidas. Queremos proporcionar espaços que nos possibilitem viver e testemunhar a mensagem de que somos portadores promovendo uma cristoteca e colocando em algumas praias da nossa diocese uma tenda a que chamámos a “Tenda de Deus”. Queremos que cada um de nós seja capaz de valorizar a sua família e as relações positivas que nela podemos vivenciar, daí desafiarmos ao encontro os membros de cada uma das famílias.
O património material e imaterial de que somos portadores é algo que devemos partilhar porque é sinal da beleza de Deus e vivências humanas. Faremos, por isso, uma exposição com uma peça de arte sacra de cada uma das paróquias da Diocese. Iremos também promover sessões/debate onde procuraremos auscultar o que o mundo espera da Igreja na ação social, ecumenismo, economia e mundo operário e família, casamento e sexualidade. Promoveremos ainda um conjunto de seis concertos espalhados por diversos locais da nossa Diocese.
O caminho já trilhado é belo porque sentimos a Diocese envolvida. Penso que o segredo deste envolvimento de toda a Diocese resulta em grande parte pelo esforço do nosso Bispo em ser presença amiga, gerador de proximidade e fraternidade. Passa também pela opção dos serviços diocesanos em ir ao encontro das comunidades. As reuniões preparatórias e de formação sempre aconteceram ao nível dos arciprestados. Acredito que isto provocou nas pessoas um sentimento de proximidade e envolvimento e sobretudo de que contavam e eram importantes neste projeto pastoral. Por outro lado, o esforço em juntar todos os serviços e movimentos presentes na diocese resulta numa dinâmica conjunta que tem como fruto o envolvimento maior de toda a Diocese.
Creio poder resumir, afirmando que nos sentimos mais próximos, mais fortes e mais alegres.
Padre Francisco Melo,
coordenador da Missão Jubilar