Diocese da Guarda faz levantamento do património religioso

Comissão de Arte Sacra fez inventariação de mais de duas mil peças Uma técnica licenciada em História de Arte pela Universidade de Coimbra, está a colaborar com a Comissão Diocesana de Arte Sacra, no inventário artístico do património móvel e imóvel da Diocese da Guarda. Joana Pereira está a elaborar o levantamento patrimonial desde o dia 12 de Fevereiro, no âmbito de um POC (Programa Ocupacional) do Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda. A técnica está a dar seguimento ao trabalho iniciado em 1999 pelo padre Francisco Vilar, elemento da Comissão de Arte Sacra, que está traduzido na inventariação “de duas mil e tal peças” de várias paróquias da Diocese. Joana Pereira adiantou ao Jornal A Guarda que já catalogou o espólio as paróquias de Folhadosa e Torroselo, no concelho de Seia, com o apoio da Comissão de Arte Sacra e do pároco local. “Num primeiro momento vai-se para o terreno, para as igrejas e capelas, fazer a análise técnica do acervo religioso (escultura, pintura, têxteis, documentos, ourivesaria ou mobiliário) através da fotografia, da medição e da catalogação”, explicou. Segue-se uma segunda fase relacionada com “a análise do acervo religioso, o preenchimento de uma ficha individual para cada uma das peças, onde se faz a descrição e a datação”. Joana Pereira considera “muito importante que o acervo religioso esteja estudado e identificado”. “Cada peça está identificada com um número de inventário e, a partir do momento que temos a descrição, a sua identificação será mais fácil em caso de furto”, observa. “Já há trabalho desenvolvido por parte do senhor padre Francisco Vilar e cónego Cunha Sério, mas este é feito noutros moldes”, salienta A técnica garante que está a gostar do trabalho que desenvolve. “Estou a adorar, estou como peixe na água, estou a exercer a minha profissão, a fazer uma coisa que é necessária e por isso estou muito feliz”. O padre Francisco Vilar, da Comissão de Arte Sacra, justifica a necessidade de dar continuidade ao trabalho iniciado em 1999, pelo facto da Diocese “necessitar de saber aquilo que há”. A grande importância do inventário está relacionada com cenários de eventuais furtos de objectos de arte sacra, uma vez que sendo apreendidas pelas autoridades, a sua identificação torna-se mais fácil. O sacerdote recorda que caso algumas peças sejam recuperadas no estrangeiro, “se não apresentarmos um documento a justificar o bem, ou outro elemento, a peça não vem [para Portugal]”. Francisco Vilar reconhece que a tarefa que está a ser desenvolvida “é quase como uma espécie de Bilhete de Identidade, porque toda a peça vai ter um número de código”. “Estamos também a preparar-nos para fazer isso, mas numa fase posterior”, adianta. O código que será atribuído a cada peça foi “inventado” pelo sacerdote e “é esse código que está em vigor na Diocese da Guarda”. “Necessitamos de ter tudo documentado. O senhor Bispo está entusiasmado e tem insistido para a realização deste trabalho”, aponta o mesmo responsável. O sacerdote valoriza a aposta que está a ser feita, pelo facto da inventariação permitir “chegar ao computador e ver onde estão as imagens”. “No ano passado fui a uma terra, fotografei tudo e o meu colega esqueceu-se de dizer que tinha lá uma custódia. A custódia desapareceu e só depois disso é que se viu o lapso. Aqui está um exemplo em como necessitamos de ter tudo documentado para saber aquilo que realmente existe” em cada paróquia, referiu. Francisco Vilar admite que “se houvesse mais colaboração, este levantamento já poderia estar pronto”, vaticinando que para a conclusão do mesmo “não será necessário mais do que um ano”. No entanto, lança um apelo à motivação dos párocos para que participem activamente no levantamento que a Comissão de Arte Sacra está a efectuar. O sacerdote diz ainda que a sua intervenção já permitiu fazer um primeiro levantamento em vários pontos da Diocese. “O concelho de Almeida está praticamente feito”, garante, acrescentando que “o de Figueira de Castelo Rodrigo está bastante adiantado”, o mesmo acontecendo na cidade da Guarda e na zona de Pinhel. No entender de Francisco Vilar, o inventário será também útil para, por exemplo, promover exposições fotográficas do património religioso de um determinado ponto da Diocese da Guarda, sem ser necessário retirar da sua origem as peças de arte sacra retratadas. Sobre o trabalho que está a ser desenvolvido por Joana Pereira, o sacerdote reconhece que a técnica “é um elemento muito válido e, por isso, é que a aceitamos e estamos a apoiá-la em tudo aquilo que necessitar”. Por agora, a licenciada em História de Arte pela Universidade de Coimbra vai continuar na zona de Seia, onde conta com o apoio e colaboração de um elemento da Comissão de Arte Sacra e do pároco local.

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