Diocese ajuda trabalhadores da Delphi

Bispo da Guarda condena despedimentos e cria serviço de atendimento, através da Cáritas

O Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, condenou o despedimento de 500 trabalhadores que trabalham na Fábrica de componentes de automóveis Delphi, sediada nesta cidade. A Diocese vai criar, de imediato, um serviço de atendimento ligado à Cáritas, para “avaliar as situações e procurar soluções personalizadas”.

Numa nota pastoral, enviada à Agência ECCLESIA, o prelado vem manifestar “total solidariedade para com os atingidos por este flagelo, que vai fazer sofrer mais de metade dos trabalhadores da referida fábrica Delphi”.

“Com esta solidariedade vai a vontade de ajudarmos, através dos vários organismos diocesanos, a minorar o sofrimento destas 500 famílias que vivem dos salários auferidos nesta empresa”, indica D. Manuel Felício.

A administração da empresa multinacional anunciou esta Quarta-feira, 21 de Outubro, que vai despedir 500 operários, 300 até ao final de 2009 e 200 no primeiro trimestre de 2010.

Para o Bispo da Guarda, este não é “problema pontual nem somente fruto da crise global, mas relacionado com o abandono sistemático das nossas terras e dos nossos meios pela administração pública centralizada”.

Nesse sentido, interpela as “autoridades constituídas”, afirmando que “este drama atinge 500 famílias ligadas aos trabalhadores que vão para o desemprego, mas atinge também toda a nossa cidade e a nossa região”.

D. Manuel Felício lamenta que a Guarda seja uma “região interior onde novas empresas não têm incentivos para se fixarem e as existentes vão sendo progressivamente desactivadas, sem que nada se faça para contrariar esta tendência”.

Este responsável diz que o subsídio de desemprego é “pouco” para ajudar os desempregados e defende que sejam criadas “condições objectivas e visíveis para que os desempregados possam retomar, de novo, o seu emprego, a curto prazo”.

“Os 500 desempregados precisam de ter garantias fundadas de que, o mais tardar, acabado o período previsto para beneficiarem do fundo de desemprego, terão, de novo, acesso ao trabalho. E alguns, se forem ajudados com justiça poderão mesmo criar o seu próprio emprego”, defende.

Para D. Manuel Felício, a cidade precisa de ver que são orientados “meios materiais que existem e que, de facto, estão a ser desviados para outras zonas”, lamentando que o parque industrial continue “muito despovoado de empresas”.

“As nossas gentes começam a ficar cansadas de esperar”, alerta.

Cáritas Diocesana disponível para ajudar trabalhadores

A presidente da Cáritas Diocesana da Guarda, Emília Andrade, afirmou hoje que a instituição está disponível para ajudar os trabalhadores da fábrica Delphi da Guarda, que vão ser despedidos.

“A Cáritas vai ter em consideração os casos mais críticos, porque neste momento, também estão a ser feitas diligências pela Segurança Social, para que seja apressado todo o processo, para que os trabalhadores da Delphi não sejam ainda mais prejudicados”, declarou ao Secretariado Diocesano dos Meios de Comunicação Social.

A responsável, que reuniu esta Sexta-feira com um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra (STIMM), referiu que a instituição está disponível para “atender àqueles casos que possam ser mais críticos”.

“Estamos sempre abertos a apoiar a comunidade e as pessoas desta cidade que se vêm numa situação complicada”, disse Emília Andrade, referindo que os casos mais dramáticos poderão ser apoiados “em termos de alimentação, roupa, calçado e outros bens”.

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