Presidente da Cáritas Internacional defende uma maior preocupação dos católicos
O presidente da Caritas Internacional, D. Óscar Maradiaga, considera que “a caridade tem de globalizar-se”, definindo-a como a principal qualidade do ser cristão.
O cardeal hondurenho, que também é arcebispo de Tegucigalpa, sustenta que a comunidade católica tem uma importante palavra a dizer, para a construção de uma “dimensão social da caridade”. Mas, para isso, é necessário que haja uma maior preocupação, por parte da Igreja, em formar os seus fiéis.
“Ela deve ser formada no que significa a dimensão social da caridade, porque as ideologias imperantes no mundo caminham no sentido contrário”, defende o presidente da Cáritas, em entrevista à Agência ZENIT e ao jornal “El Observador”.
O voluntariado é uma dimensão essencial para a Cáritas, “que tem como missão educar cada cristão nas dimensões sociais do amor, mostrar que a pessoa não pode fechar-se no seu cristianismo, de uma maneira individualista”.
Para tal, o cardeal considera que “o ideal é que todas as paróquias tenham a sua pastoral social organizada, na qual a Cáritas participe”.
Reportando-se à realidade que encontra nos países latino-americanos, D. Óscar Maradiaga critica a falta de uma educação para a fé, considerando-a como uma das principais lacunas na acção pastoral da Igreja.
Há 3 anos atrás, os bispos da América Latina e do Caribe encontraram-se na cidade de Aparecida, no Brasil, para uma conferência geral. Deste encontro saiu um documento que convidava a Igreja a uma missão permanente.
Apelava à vocação missionária que a Igreja daquela região sempre teve e que devia ser tomada como exemplo, para a passagem de uma pastoral de manutenção para uma de conquista, junto dos fiéis mais afastados.
O cardeal pensa que “a missão permanente vai caminhando, com diversas velocidades, com progressos em muitas dioceses e indiferença em outras”. Defende que a acção dos bispos e dos sacerdotes será essencial, “porque os leigos estão disponíveis”.
“Precisamos que os pastores estejam repletos do coração de S. Paulo, que dizia: Ai de mim se não evangelizar”, defende o presidente da Cáritas.
O documento da conferência geral de Aparecida “coloca o dedo na ferida”, referindo-se à época a seguir ao Concílio Vaticano II, “em que se adoptaram algumas coisas e se permaneceu fazendo mais do mesmo”.
“Um sacerdote, numa paróquia, se faz sempre a mesma coisa, acaba por não fazer nada, porque não acompanha a mudança de época”, critica D. Óscar Maradiaga, para quem é necessária uma “conversão pastoral”, que faça com que o “pároco se sinta como o primeiro responsável pela formação dos seus fiéis”.
A falta de intervenção junto dos políticos é outra lacuna encontrada pelo presidente da Cáritas, que afirma que “não chegamos a evangelizar a política e os políticos, e então, quando alguns – que se chamam bons cristãos – entram na política, a primeira coisa que esquecem é o Evangelho”.
“Ainda estamos a gatinhar, quando se fala de política do bem comum”, lamenta D. Óscar Maradiaga.
A Cáritas Internacional reúne um total de 162 organizações humanitárias da Igreja Católica, e actua em mais de 200 países.
Tem como principal missão, em todo o mundo, prestar assistência aos mais desfavorecidos e vulneráveis, trabalhando para a paz e reconciliação, justiça económica e social, respeito pelo ambiente e defesa dos recursos naturais do planeta.