Diálogo inter-religioso: Representante dos bispos portugueses visitou Mesquita de Lisboa

É essencial que católicos e muçulmanos se unam, disse D. Manuel Linda

Lisboa, 10 mar 20125 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas, D. Manuel Linda, visitou hoje a Mesquita Central de Lisboa como representante da Conferência Episcopal Portuguesa, com o intuito de reforçar os laços entre Igreja Católica e comunidade islâmica.

No final do encontro com Abdool Vakil, presidente da Comunidade Islâmica, o bispo sublinhou à Agência ECCLESIA a importância de católicos e muçulmanos “estreitarem laços” numa altura em que estão a “sofrer ataques à sua fé e às suas convicções”.

D. Manuel Linda lembrou o clima de violência e terror que os membros do autoproclamado 'Estado Islâmico' têm espalhado, sobretudo no Médio Oriente.

Segundo o prelado, é importante que “os cristãos saibam que o Estado Islâmico armado não é reconhecido como tal pelos muçulmanos”, que encaram o grupo radical como “uma negação da sua própria fé".

O bispo das Forças Armadas e de Segurança, atualmente à frente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, salientou que a presente conjuntura está a fazer crescer em diversos pontos da Europa uma certa “islamofobia e cristofobia”.

“Portanto nós os religiosos, seja da religião muçulmana ou cristã, devemos estar juntos neste desafio”, complementou.

Naquela que foi a primeira visita oficial de um representante da Conferência Episcopal Portuguesa à Mesquita Central de Lisboa, o anfitrião do encontro, Abdool Vakil, saudou a iniciativa como forma de católicos e muçulmanos “encontrarem pontes entre si” em ordem a um diálogo cada vez mais rico e frutuoso.

“Devemos mostrar aquilo que nos une, é muito importante, ter estas visitas frequentes uns com os outros e cultivar isso junto dos jovens também”, sustentou.

Sobre o Estado Islâmico, o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, radicado em Portugal desde 1956, reforçou que “ele não representa” em nada as convicções dos verdadeiros muçulmanos.

“O primeiro Estado Islâmico foi criado pelo nosso profeta [n. r. Maomé] ainda durante a sua vida, em que estavam lá cristãos e judeus juntos, com uma constituição que defendia os direitos de cada um”, lembrou.   

Quanto à expressão “jihadismo”, muito associada à violência e à guerra santa, o responsável muçulmano afirmou que a conotação atual que é dada à palavra é pura “fantasia”.

“Jihad não significa guerra santa, jihad é aquilo que nós fazemos para moldarmos o nosso espírito contra a maldade. Quando nós fazemos o jejum do Ramadão, é precisamente para combatermos o mal que temos dentro de nós”, frisou.

Abdool Magid Vakil desafiou D. Manuel Linda para vir rezar com a comunidade islâmica lisboeta numa oração de sexta-feira, repto que o bispo católico aceitou “com todo o gosto”.

O bispo católico foi ainda convidado para uma refeição na cantina da Mesquita e para acompanhar mais o Fórum Abraâmico, um espaço de debate criado por membros das comunidades cristã, islâmica e judaica, das três religiões originadas em Abraão.

A Comunidade Islâmica de Lisboa é composta atualmente por cerca de 55 mil pessoas.

JCP

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Agência ECCLESIA

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