Diálogo Inter-religioso: Patriarca de Lisboa evoca a «longa cooperação» com líder da comunidade ismaelita

Trabalho conjunto «é testemunho do empenho que as religiões podem ter na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana», afirma D. Rui Valério na nota de pesar pelo falecimento do príncipe Karim Aga Khan.

Foto: Comunidade Ismaili

Lisboa, 05 fev 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa lamentou hoje a “perda” do líder da comunidade ismaelita, o príncipe Karim Aga Khan, que faleceu esta terça-feira, dia 4 de fevereiro, em Lisboa, e destacou “a longa cooperação em prol do bem comum”.

“Este trabalho conjunto foi e é testemunho do empenho que as religiões podem ter na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana”, lê-se na nota de pesar de D. Rui Valério pelo falecimento do príncipe Karim Aga Khan, enviada à Agência ECCLESIA.

O patriarca de Lisboa recorda a “longa cooperação” da diocese com a Fundação Aga Khan “em prol do bem comum”, de forma particular, “o compromisso pela melhoria das condições de grupos marginalizados”

“O Patriarca de Lisboa eleva, neste momento, ao Deus da Vida uma oração grata pelo bem que o Príncipe Karim Aga Khan realizou neste mundo”, acrescenta.

O príncipe Karim Al-Husseini (1936-2025), líder dos muçulmanos ismaelitas – uma comunidade de cerca de 15 milhões de fiéis espalhados pelo mundo e 15 mil em Portugal -, faleceu 88 anos esta terça-feira, em Lisboa, sede mundial da comunidade desde 2015, anunciou a Comunidade Ismaili em Portugal.

“Sua Alteza o Príncipe Karim Al-Hussaini Aga Khan IV, 49º Imã hereditário dos muçulmanos xiitas ismaelitas e descendente direto do Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele), faleceu pacificamente em Lisboa no dia 4 de fevereiro de 2025, aos 88 anos, rodeado pela sua família”, lê-se na mensagem publicada no portal online oficial, acrescentado que o anúncio do seu sucessor “será designado feito em breve”.

O presidente da República manifestou “profundo pesar pela morte” do príncipe Aga Khan, “que teve a honra de conhecer bem, foi um bom amigo de Portugal”, e recorda a sua vida “por um trabalho incansável em prol da elevação da dignidade humana e da proteção dos mais desfavorecidos”.

“Assumiu-se também como figura notável de uma fé aberta ao mundo, sob o signo da tolerância no profundo respeito pelo outro, sendo igualmente notável o seu trabalho de apoio à cultura, às artes e à educação”, destaca Marcelo Rebelo de Sousa, na nota publicada no sítio online da Presidência da República.

Em 2017, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou Aga Khan com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, o príncipe Karim Al-Husseini tem nacionalidade portuguesa, desde 2019.

O Governo, através do primeiro-ministro, lembrou que “a personalidade e a obra” do chefe espiritual dos muçulmanos xiitas ismailis “permanecerão para sempre na memória dos portugueses”, escreveu Luís Montenegro, na rede social X.

A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), criada pelo líder da comunidade ismaelita, e que tem sede em Lisboa, “dedica-se a melhorar condições de vida, a promover a educação, a preservar a cultura e o ambiente em numerosos países, entre os quais Portugal”, destaca o Governo.

Foto: Comunidade Ismaili

Em 2010, a resolução da Assembleia da República n.º 109/2010 aprovou o Acordo entre a República Portuguesa e o Imamat Ismaili, assinado em Lisboa em 8 de maio de 2009, considerando quê esta é “uma comunidade religiosa de âmbito mundial, cujos membros estão historicamente ligados não só por um laço espiritual de lealdade, devoção e obediência para com imã hereditário dos muçulmanos Shia Ismailis”.

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, “profundamente triste”, lembrou que o príncipe Karim Al-Hussaini “era um símbolo de paz, tolerância e compaixão no mundo conturbado”, numa mensagem na rede social X.

Shah Karim al Hussaini, nasceu a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, 49.º imã hereditário dos muçulmanos xiitas ismaelitas, tinha 20 anos quando se tornou o imã da minoria xiita de 15 milhões de pessoas, em 1957, sucedendo ao avô.

CB/PR

 

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