Cidade do Vaticano, 08 jan 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje no Vaticano o líder da comunidade Yazidi, com uma delegação de quatro pessoas, e manifestou “proximidade espiritual” e “amparo” nas provações pela perseguição dos militantes do Estado Islâmico (EI).
Segundo a Rádio Vaticano, Francisco fez votos que se reestabeleçam condições de justiça para que a comunidade Yazidi, e todas as minorias que são alvo de discriminação e violência por parte do Estado Islâmico, vivam de forma livre e pacífica.
Neste encontro com o Papa no Vaticano para além de Sayid Ali Beg também esteve presente o líder espiritual supremo, “Baba Sheikh”, e uma delegação de três representantes Yazidis.
A delegação agradeceu a Francisco, que foi definido por um dos delegados como “o pai dos pobres”, pelo seu apoio e informou-o sobre as mulheres Yazidis, que foram sequestradas e escravizadas pelo EI, e sobre as relações de solidariedade entre as comunidades Yazidis e cristãs.
O Papa tem manifestado constantemente preocupação pelas minorias religiosas, que como os cristãos, são perseguidos pelos militantes do Estado islâmicos que querem construir um califado.
“Não posso esquecer dos outros grupos religiosos e étnicos que também sofrem perseguição e as consequências destes conflitos”, escreveu, por exemplo, Francisco na mensagem de Natal que dirigiu aos cristãos do Médio Oriente.
A Organização das Nações Unidas contabiliza que cerca de cinco mil membros da comunidade foram mortos e entre cinco a sete mil vendidos como escravos.
A Amnistia Internacional publicou o relatório ‘Escapar do inferno: tortura e escravidão sexual em cativeiro pelo Estado Islâmico no Iraque’ onde denuncia o elevado nível de violência física e psicológica que sofrem as mulheres e raparigas raptadas que são vendidas ou oferecidas a membros do EI para além de serem obrigadas a converterem-se ao Islão.
Os Yazidis praticam uma religião pré-islâmica, na qual é adorada uma divindade normalmente representada na forma de um anjo pavão, e são cerca de um milhão e meio de pessoas no mundo.
“Meio milhão estão no Iraque e os restantes vivem na Turquia, Geórgia, Armênia, entre outros países”, informa a emissora do Vaticano que explica que a maior parte “vive ou é originária da província de Ninawa”, no norte do Iraque.
Durante a década de 1980 cerca de quatro mil aldeias Yazidis “foram destruídas” pelo governo Iraquiano “contra a insurgência dos curdos”, recorda a Rádio Vaticano.
Em agosto de 2007, acrescenta, morreram aproximadamente 500 membros da comunidade numa “série de atentados bombistas, no ataque suicida mais mortífero da Guerra do Iraque”.
RV/CB