Francisco vai participar em fórum para o diálogo entre Oriente e Ocidente
Awali, Barém, 03 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa chegou hoje ao aeroporto de Awali, no Barém, para iniciar a primeira visita de um pontífice a este país, na qual vai participar num fórum para o diálogo entre Oriente e Ocidente.
Francisco foi recebido pelo núncio apostólico e pelo embaixador do Reino do Barém junto da Santa Sé, após um voo de mais de cinco horas, desde Roma.
Ainda no aeroporto, o Papa cumprimentou o rei do Barém, o príncipe herdeiro, o primeiro-ministro e três outros filhos do monarca; crianças em trajes tradicionais espalharam pétalas de rosa, enquanto o Papa e a família Real passavam pela Guarda de Honra, cumprimentando as respetivas delegações até chegar ao Salão Real, onde decorreu um breve encontro privado.
Francisco e o rei Hamad bin Isa bin Salman Al Khalifa saudaram ainda o grande imã de al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb.
Esta é a 39ª viagem internacional de Francisco, que aceitou o convite das autoridades civis e eclesiásticas para participar no “Fórum do Barém para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Coexistência Humana” e encontrar-se com a comunidade católica local.
No avião, o Papa não fez a ronda habitual entre os jornalistas, devido a dores no joelho, e pediu-lhes que fossem até ele para uma saudação, relara o portal de notícias do Vaticano.
Francisco disse a um dos profissionais que esta é “uma viagem interessante”, da qual podem surgir “boas notícias”.
A medalha comemorativa da viagem inclui uma alusão à ‘Árvore da Vida’, que resiste há mais de 400 anos num lugar árido do deserto, e a Qal’at al-Bahrain, local arqueológico que foi a capital de Dilmum, uma das mais importantes civilizações antigas da região.
Os primeiros cristãos a chegar ao Barém vinham principalmente dos países vizinhos – Iraque, Turquia, Síria, Líbano, Palestina, Jordânia e Egito -, tendo a comunidade cr principalmente Filipinas e do resto do mundo.
A Santa Sé destaca que o Barém é um dos poucos Estados do Golfo Pérsico a ter uma população cristã local; o Islão é a religião oficial e o sistema legal é baseado na lei islâmica, mas a liberdade de culto é permitida.
A primeira igreja católica na Península Arábica foi construída em Manama, capital do Barém, em 1939; uma segunda igreja foi construída no município de Awali, num terreno doado pelo rei Hamad bin Isa al-Khalifa em 2013.
Os residentes no Barém estão sob a jurisdição do Vicariato Apostólico do Norte da Arábia, estabelecido em 2011, com sede em Awali, no qual trabalham cerca de 65 sacerdotes, muitos deles capuchinhos.
O atual responsável é D. Paul Hinder, ex-vigário apostólico do Sul da Arábia; os dois vicariatos fazem parte da Conferência dos Bispos Latinos para a Região Árabe (CELRA).
O religioso capuchino, de 80 anos, espera que o Papa leve à região uma “mensagem de paz”, promovendo um diálogo “positivo e construtivo” entre as várias comunidades religiosas.
“O Papa nunca se cansa de dar todos os contributos para que se construam pontes”, referiu, num encontro com jornalistas promovido pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e acompanhado pela Agência ECCLESIA.
O administrador apostólico do Vicariato da Arábia setentrional sublinhou que o entendimento é possível no diálogo entre cristãos e muçulmanos.
O responsável católico lamenta a falta de “locais de culto suficientes” para os mais de um milhão de católicos na Arábia Saudita, que vão atravessar a ponte que os liga ao Barém, para estar com Francisco.
D. Paul Hinder espera uma manifestação de “grande alegria” na Missa pública que vai ser presidida pelo Papa, com cerca de 28 mil pessoas.
A Igreja local, acrescentou, está atenta aos problemas dos trabalhadores migrantes, apesar dos seus poucos recursos, à “delicada situação” das mulheres que são vítimas de tráfico humano e aos casos de escravidão.
OC
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