Lisboa acolheu encontro de representantes do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, da Santa Sé, e do Conselho Mundial de Igrejas
Oeiras, 15 set 2017 (Ecclesia) – Representantes do Conselho Mundial de Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos participam numa reunião, em Lisboa, e defendem que devem “agir em conjunto” na construção da paz e no acolhimento dos migrantes e refugiados.
“A questão das pessoas em movimento é um grande desafio do mundo de hoje. A questão particular dos refugiados no mundo e na europa é um grande desafio”, disse o arcebispo Diarmund Martin hoje de manhã.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o arcebispo de Dublin realçou que as migrações sempre existiram e “algumas são muito positivas”.
Segundo o prelado católico as Igrejas podem “educar” as pessoas para “entender o fenómeno” migratório e “terem simpatia” por quem teve de “sair das suas casas, das suas famílias” e acolhê-los positivamente nas comunidades.
Neste âmbito, deu o exemplo da Irlanda, onde vive, que “infelizmente” acolheu um “número muito pequeno de refugiados” porque apesar das promessas das autoridades políticas “não permitiram” a muitos que entrassem no país.
Para metropolita Nifon, da Igreja Ortodoxa da Roménia, as migrações e os refugiados são um “fenómeno” do tempo atual por causa das “guerras, conflitos, crise económica, entre outros”.
“As Igrejas devem agir em conjunto para dar uma mensagem cristã ao mundo sobre estes assuntos”, acrescentou.
O arcebispo Diarmund Martin sublinhou que é preciso acolher bem os migrantes e refugiados nas comunidades porque “muitos sofrem de traumas, particularmente as crianças”, e, para além de uma cultura diferente, “têm de aprender a língua e muitas vezes têm uma religião diferente”.
“É importante que as Igrejas tenham a capacidade de acolher as pessoas, de respeitá-las, ajudá-las a integrarem-se, mantendo a identidade e esperar que os sítios de onde veem encontrem paz e possam regressar para as suas famílias”, desenvolveu o prelado de Dublin.
A reunião do grupo de trabalho, com 22 elementos do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, da Santa Sé, e do Conselho Mundial de Igrejas iniciou esta segunda-feira e termina hoje, em Linda-a-Pastora, Lisboa.
A paz foi outro tema em análise, onde as Igrejas Cristãs querem ter uma participação ativa porque acreditam que pode haver “educação” dos crentes em todos os lados, considerou o metropolita Nifon.
Para o arcebispo da Igreja Ortodoxa da Roménia é necessário “promover um diálogo inter-religioso real” porque muitas pessoas consideram que os conflitos no mundo são motivados por “uma causa religiosa”.
“Há diferenças, mas há muitas coisas que temos em comum. O nosso propósito é identificar coisas em comum e a partir daí trabalhar o máximo que pudermos para a unidade dos cristãos”, explicou.
Neste diálogo pela paz está incluído o Islão, o Judaísmo, o Budismo, porque existem “muito boas coisas em comum, particularmente a paz, aspetos ecológicos e os migrantes e refugiados”.
O arcebispo católico irlandês acrescentou que os crentes “têm um contributo especial para a procura da paz” que, atualmente, “é ameaçada não apenas a nível politico mundial”, mas também em pequenas comunidades.
D. Diarmund Martin adiantou ainda que o grupo de trabalho do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Conselho Mundial de Igrejas está a trabalhar em dois documentos onde vão “incluir exemplos” sobre o que as Igrejas estão a fazer para "aprenderem uns com os outros”.
Os participantes nesta reunião de trabalho deslocaram-se também ao Santuário de Fátima, no âmbito da celebração do centenário das Aparições.
CB/PR