«É pela seiva fecunda do antigo judaísmo que recebemos o Salvador», lembra D. Manuel Linda
Porto, 18 set 2018 (Ecclesia) – O bispo do Porto e os representantes da Comunidade Judaica do Porto assinaram um “protocolo de amizade e cooperação” e as comunidades pretendem uma “colaboração na área social”, segundo protocolo acordado esta segunda-feira, no Paço Episcopal.
“Resgatar para a vida digna muitos daqueles que estão presos nas amarras da pobreza, do vício letal ou da miséria moral”, é o objetivo das duas comunidades na sua “colaboração na área social”, assumindo o compromisso de cooperar em “obras assistenciais conjuntas”.
O jornal diocesano ‘Voz Portucalense’ informa que o acordo de amizade e cooperação entre a Diocese do Porto e a Comunidade Judaica do Porto lança para o futuro um aprofundamento das “boas relações”, do “respeito mútuo” e da “amizade”.
Segundo o documento, estão previstos “encontros habituais” que pretendem conduzir os membros das duas comunidades “no respeito pelas suas diferenças, na cooperação e na amizade recíproca”.
Numa mensagem publicada hoje, D. Manuel Linda afirma que o protocolo um é “corte com o passado de incompreensões e certeza de um futuro feito de mãos dadas”.
Neste contexto, refere que o presidente da Comunidade Judaica do Porto “tem razão” ao afirmar que, “desde há 500 anos, esse foi o feito histórico mais significativo”, no Porto, na relação entre cristãos e judeus.
O protocolo de amizade e cooperação assinado esta segunda-feira lembra a coabitação pacífica das duas comunidades religiosas “mesmo desde antes da fundação de Portugal”.
Na mensagem ‘os ramos da oliveira’, o bispo do Porto cita a declaração ‘Nostra Aetate’, do Concílio Vaticano II sobre a relação entre ‘A Igreja e as Religiões não-cristãs’ e pede que “ninguém se esqueça”, que “é pela seiva fecunda do antigo judaísmo” que se recebeu “o Salvador e a sua proposta de universal encontro com o Pai”.
O documento foi assinado por D. Manuel Linda, pelo presidente da Direção da Comunidade Judaica do Porto, Dias Zion, “cuja família é originária da comunidade judaica portuguesa de Esmirna”, e o rabino-chefe do Porto, Daniel Litvak, que é reconhecido pelo Grão Rabinato de Israel.
Michael Rothwell, membro da direção com o pelouro das relações inter-religiosas, e Jonathan Rideau, delegado da direção, cuja família é originária da comunidade judaica portuguesa de Túnis, também integraram a delegação judaica que esteve no Paço Episcopal da Diocese do Porto.
A Comunidade Judaica do Porto foi fundada há 95 anos e tem como fins a prática da religião judaica, a difusão da cultura hebraica e a promoção de um mundo melhor, sendo composta por três centenas de membros: uns sefarditas (originários de comunidades de origem portuguesa e castelhana) e outros ashkenazim (de famílias originárias da Europa Central e de Leste).
A sinagoga Kadoorie Mekor Haim no Porto, é a maior da Península Ibérica, e a comunidade tem ainda o Museu Judaico do Porto, que recebe anualmente “a visita de cerca de 10 mil crianças de escolas portuguesas”, informa ainda o jornal ‘Voz Portucalense’.
CB/OC