Diálogo inter-religioso: Assis recebe em setembro encontro pela paz

«Diante da violência furiosa, devemos dar ao mundo uma mensagem de união», frisa líder da comunidade franciscana

Cidade do Vaticano, 30 mar 2016 (Ecclesia) – O responsável pela comunidade franciscana de Assis, em Itália, quer reunir novamente os lideres religiosos de todo o mundo para um encontro de reflexão e oração pela paz, entre 18 e 20 de setembro.

Num comunicado publicado hoje pela Rádio Vaticano, frei Mauro Gambetti realça que diante do atual quadro de conflito que ensombra o mundo "não se pode responder com o silêncio".

"A terceira guerra mundial já está em marcha e a Europa, ferida e desafiada consecutivamente no seu coração, não pode mais permanecer de parte ou como mera observadora do que acontece no Médio Oriente, em África e em outros países aparentemente distantes. Não pode sequer limitar-se a atualizar programas e convenções de acolhimento a refugiados", frisa o franciscano.

Para o frei Mauro Gambetti, chegou a hora de "governos e cidadãos tomarem uma posição: enconderem-se como ratos ou darem a cara".

O encontro pela paz em Assis vai acontecer 30 anos depois do primeiro evento do género, promovido pelo Papa João Paulo II por ocasião da Guerra Fria e do conflito entre os Estados Unidos da América e da então União Soviética.

Em 1993, numa época dominada pelo "conflito na Bósnia e Herzegovina", e em 2002, o Papa polaco convocou de novo os líderes religiosos a trilharem "o caminho da reconciliação".

“Violência nunca mais! Guerra nunca mais! Terrorismo nunca mais! Em nome de Deus, cada religião leve ao mundo a justiça, a paz, o perdão, a vida, o amor!”, exortou na altura João Paulo II.

Estes encontros seriam repetidos em 2006 e mais recentemente em 2011, sob a vigência do Papa Bento XVI.

O encontro em setembro vai incluir "dois dias de painéis de discussão e uma jornada de oração", sendo que a comunidade franciscana de Assis, a Comunidade de Santo Egídio e a diocese local esperam que o evento marque também "o regresso do Papa Francisco à região", depois de lá ter estado recentemente, em janeiro deste ano.

"Uma oração conjunta e uma palavra unânime, fruto de uma reflexão partilhada, é a resposta que queremos suscitar", salienta o frei Mauro Gambetti, acrescentando que além dos líderes religiosos, estão também convidados "políticos, representantes da ciência e da cultura, agentes de paz e todos os homens de boa vontade".

"Juntos veremos quais são os princípios reconhecidos por todas as religiões para a paz. Qual o contributo que a política, a ciência e a cultura em geral podem propor para um futuro marcado por uma sã convivência humana", aponta o religioso.

O líder da comunidade franciscana de Assis sustenta que "diante da violência furiosa, as religiões devem dar ao mundo uma mensagem convergente" e que "a política deve fazer o esforço de traçar uma rota rumo à justiça e à paz entre os povos, combinando cada projeto com a sustentabilidade ambiental".

Que deste encontro, conclui o frei Mauro Gambetti, possam sair "diretrizes" para uma cada vez maior "integração de culturas", tendo sempre em mente o "sonho" de levar este empenho e este "modelo" a todo o mundo, à União Europeia e às Nações Unidas.

JCP

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