Diálogo com países africanos é solução para desafios das migrações

Conferência Internacional da Metropolis decorre em Lisboa As soluções para as questões migratórias têm de passar necessariamente pelo diálogo com os países de transição. Este foi um dos caminhos apontados como possíveis para atenuar a realidade migratória nos países mediterrâneos, durante os trabalhos desta manhã na Conferência Internacional da Metropolis. Perante uma plateia atenta, Joaquín Arango, da Universidade Complutense, em Espanha, dá conta daquela que considera ser a posição dominante na Europa – “Dá-me os mais inteligentes e eu fecho as portas aos outros” -, dizendo que, de uma maneira geral, “o ambiente político face à imigração não é favorável”. Este especialista assinalou uma alteração nos fluxos migratórios, havendo os designados países de transição que funcionam como pontos de passagem, caso dos países africanos do Mediterrâneo, para outros territórios. “É com estes países de transição que a cooperação deve ser feita”, defende. Joaquim Arango refere que “a Espanha e a Itália são os países com maior força política para por estas questões em cima da mesa”, mas uma realidade de imigração restritiva, com base em critérios de mão de obra qualificada em detrimento da mão de obra desqualificada, não deixa avançar. Refere ainda que “as migrações podem ser benéficas para ambos os lados, mas é preciso remover obstáculos políticos e culturais”, chamando a atenção para o facto de “o número de empregos ter de duplicar para dar resposta às necessidades que surgem. Estão em causa as reformas e a sustentabilidade”. História a respeitar Os fluxos migratórios sempre existiram. A Europa recebe imigrantes africanos há muito tempo e com eles construiu a sua história, é a crença Khadija Elmadmad, advogada na Associação Rabat, em Marrocos e conferencista convidada. “A Europa vira as costas à sua história. O que aconteceria se se devolvessem todos os imigrantes ou pessoas com raízes noutros países?”, disse, apontando o exemplo dos EUA, construida a partir da imigração. “Há um clima de desconfiança generalizada, que o 11 de Setembro ajudou a criar”, refere. “As imagens que a comunicação social veicula dos imigrantes a chegar às costas europeias dá a ideia de ataque a uma fortaleza”, aponta Ali Bensaad, da Universidade da Provença, em França. Existe uma confusão existente entre “imigrante ilegal, que se movimenta sem autorização e sem papéis, e imigrante forçado (refugiado), que pede auxílio e que beneficia do direito internacional”, aponta a conferencista Khadija Elmadmad, falando no risco de “expulsarmos pessoas que gozam do direito de estar na Europa”. Sandra Pratt, Comissária Europeia, indicou a importância das migrações face às alterações demográficas e ao envelhecimento da população, acrescentando que as migrações estão “na agenda política da Comissão Europeia. Os líderes da CE admitem que a imigração não é um problema, mas antes uma necessidade”. Esta questão faz parte do diálogo com os países africanos e afirma que “o caminho deve ser o diálogo, a partilha de problemas e responsabilidades”, procurando políticas de parceria e de equilíbrios. As questões das Migrações juntam, ao longo desta semana, especialistas de todo o mundo na conferência Internacional da Metropolis, em Lisboa, onde opiniões diversas com base em estudos, investigações e também acções no terreno de diversas organizações se fundem na convergência de que as migrações são importantes e ajudam ao desenvolvimento. Notícias relacionadas Portugal é exemplo de integração do fenómeno migratório

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