Semana quis colocar no centro as questões da pobreza e do combate à exclusão social
No culminar da semana Nacional da Cáritas, este serviço de acção social da Igreja Católica, celebra este Domingo o seu dia nacional.
O terceiro Domingo da Quaresma foi instituído pela Conferência Episcopal Portuguesa como o Dia Nacional a Cáritas. Ao longo desta semana as várias dioceses organizaram actividades que procuraram ilustrar o trabalho que estas organizações desenvolvem ao longo de todo o ano.
Na Nota pastoral para a Semana Caritas, D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, frisa a necessidade de uma crescente tomada de consciência que os pobres e excluídos têm um caminho libertador. “Importa passar ao seu terreno fazendo nosso o seu projecto, não dirigindo-o, mas apoiando-o, estando ao serviço”.
D. Carlos Azevedo critica a passividade e a indiferença assim como o “desperdício escandaloso gastar vida e recursos em tarefas superficiais e secundárias, quando há ocasião oportuna para acção urgente e eficaz”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Presidente da Comissão da Pastoral Social enaltece o trabalho que alguns movimentos da sociedade civil têm desenvolvido em prol dos mais necessitados. “Mas o seu trabalho não é visto”, lamenta. “Os políticos não gostam do trabalho que exige muito esforço e pouco rendimento. Formar pessoas é lento, exige paciência, com fracassos, desânimos, resistências pelo meio”, acrescenta.
No ano em que a Europa se debruça sobre a pobreza e o combate às exclusão social, D. Carlos indica que, para ser efectivo, deverá ser um esforço conjunto. “O combate contra a pobreza e a exclusão social depende muito de comportamentos pessoais, na relação com o outro, mas também de empresas para que assumam com mais atenção a sua responsabilidade social”.
A Cáritas Portuguesa, para além do programa de actividades desenvolvido em cada diocese, destaca o peditório nacional que decorre até este Domingo, dia 7, para “auxiliar os mais desprotegidos em cada região”.
Para uma acção concertada internacional, no passado dia 2, foi apresentada uma petição Europeia que visa pressionar a Comissão Europeia para acabar com a pobreza infantil na Europa, alargar os sistemas de protecção social, o acesso efectivo a serviços sociais e de saúde, e a criação de condições para que todas e todos possam ter um trabalho digno”.
Estratégia nacional, trabalho local
O trabalho da Cáritas diocesana do Funchal esteve em especial destaque devido ao trabalho de emergência desenvolvido, juntamente com outras instituições civis e governamentais, na ajuda os desalojados do temporal do passado dia 20 de Fevereiro, na Ilha da Madeira. O programa Ecclesia na Antena 1 deste Domingo, transmite uma reportagem sobre o trabalho que este serviço de acção social e também outras instituições da Igreja Católica desenvolveram na assistência e auxílio aos mais necessitados.
A Cáritas Portuguesa abriu uma conta para receber donativos destinados a auxiliar a população madeirense. Até esta Sexta-feira, dia 5, a conta «CÁRITAS AJUDA A MADEIRA» registava 866 143,77 Euros.
Também à antena de rádio, três Cáritas diocesanas partilharam as principais preocupações e projectos desenvolvidos.
Elicídio Bilé, responsável por este serviço da Igreja Católica na diocese de Portalegre – Castelo Branco centra o trabalho da Cáritas na resposta às preocupações da população em geral num padre de crise agravada. “População envelhecida que assiste ao aumento do desemprego devido ao encerramento de algumas empresas”.
Assistência em situações de emergência são “fundamentais, criamos também uma loja social para ajudar nesses casos, mas nós vamos mais além”. Formação, promoção, integração das pessoas, “usando o micro crédito para ajudar as pessoas a sair da situação de desemprego”. O apoio ao imigrantes é outra prioridade nesta diocese.
A crise económica atingiu também a população da Guarda. A Cáritas desta diocese “está atenta e acompanhamos a desilusão das pessoas”. Maria Emília Andrade, presidente deste serviço realça o aumento de pedidos de ajuda que a instituição “acompanha de forma personalizada”.
Combate ao isolamento e assistência a população envelhecida são dimensões do trabalho desta Cáritas. “Temos ainda um centro de apoio à vida onde recebemos jovens mães, algumas vítimas de violência”.
O Pe. Luís Costa, presidente da Cáritas diocesana de Coimbra realçou uma intervenção plural. Infância, juventude e idosos são populações que este serviço assiste. O desemprego é uma “interpelação diária”.
A Cáritas de Coimbra conta com mais de seis mil utentes que “sofrem muito com a crise”. A grande novidade desta situação, explica, “são os pedidos de ajuda por parte de agregados familiares da classe média que têm dificuldades em pagar mensalidades”.