«Nós quisemos que os protagonistas desta peregrinação sejam, de facto, os pobres» – Padre José Manuel Pereira de Almeida

Lisboa, 14 nov 2025 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS), da Conferência Episcopal Portuguesa, vai peregrinar com 55 pessoas ao Vaticano e a Assis, para o Jubileu dos Pobres, o grupo inclui utentes de várias instituições, de 14 a 18 de novembro.
“Nós quisemos desde o princípio, como é natural, que os protagonistas desta peregrinação sejam, de facto, os pobres. Por isso, em cada diocese, aquilo que foi pedido foi que a organização permitisse que fosse metade-metade”, explicou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social, em entrevista à Agência ECCLESIA
O padre José Manuel Pereira de Almeida destaca que neste grupo de 55 peregrinos da Igreja Católica em Portugal estão “todas as dioceses representadas”, ao todo são 21 dioceses, o que é “uma bela delegação”.
“É uma experiência que nos vai marcar a todos, de uma forma muito positiva. Acho que vamos todos, quando chegarmos, apesar de serem tão poucos dias, ter saudades de nos separar. E tenho a certeza, não é só a esperança, tenho mesmo a certeza de que vai ser maravilhoso”, realçou Magda Freitas.
A coordenadora da Cáritas Paroquial da Damaia, na Amadora, no Patriarcado de Lisboa, conta que vão levar ao Jubileu dos Pobres uma senhora que “pediu ajuda na altura da pandemia”, uma mãe solteira com três filhos, que “chegou a cozinhar com o óleo das latas de atum, porque não tinha possibilidades de comprar azeite, nem óleo”.
Magda Freitas explica que as pessoas que apoiam “não teriam a possibilidade de ir a Roma” e participar no Jubileu dos Pobres, do Ano Santo 2025 que está ser dedicado ao tema da esperança, mas, quando surgiu esta oportunidade lembraram-se dessa senhora que “ficou tão feliz, porque é uma coisa que nunca poderia fazer”.
O padre José Manuel Pereira de Almeida explica que é difícil falar de esperança a quem vê, por vezes, só muros diante de si, sobretudo se quiserem “dizer coisas sem ouvir”, porque é na “atenção ao outro e à sua história” que vão “encontrar sinais de esperança, no diálogo, nesse encontro interpessoal”.
“A esperança que não engana não é uma ilusão, a esperança que não engana está semeada no nosso coração, e é já luz que ilumina o caminho. O não engana não é porque vou atingir este objetivo ou aquele que eu me proponho, é uma esperança de que sei que estou salvo e que, qualquer que seja, o Senhor não se esquece de mim. E isso é a força”, desenvolveu o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social, da Igreja Católica em Portugal.
Com o tema ‘Tu és a minha esperança’ (cf. Sl 71,5), do livro bíblico dos Salmos, o Papa Leão XIV, na sua primeira mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, afirma que “os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas os irmãos e irmãs mais amados”.
“É, de facto, uma provocação, porque às vezes pode parecer. Não são, mas parecem, aquela ideia da caridadezinha, que é o contrário do que a Cáritas promove e faz, do que a Pastoral Social pretende animar em cada diocese, que é a caridade levada a sério, é o nome dado a uma liberdade que torna mais livre a vida dos outros, a uma vida entregue que torna mais viva a vida dos outros, e não a ideia de que é preciso manter os pobres para nós fazermos coisas boas”, desenvolveu o padre José Manuel Pereira de Almeida, no Programa ECCLESIA, desta sexta-feira, na RTP2.
Em Portugal existem dois milhões de pobres, e, para o diretor do SNPS, “é uma situação”, para Portugal, na Europa, porque seria de esperar que, “depois de tantas coisas feitas, de políticas públicas, fosse possível outros números, embora as pessoas sejam mais importantes que outros números”.
“A ideia de que o erradicar a pobreza é uma missão significativa da sociedade em que vivemos e são os pobres os próprios protagonistas da sua história de libertação.”
Magda Freitas assinala que é no contacto com as pessoas, por exemplo, “todos os sábados de manhã” na distribuição de alimentos, que aproveitam “para conversar um pouquinho com elas”, porque é também uma oportunidade da Cáritas Paroquial da Damaia perceber “outras carências que as pessoas possam ter, e que não são só carências alimentares”.
“Isto também é uma forma de evangelizar; o objetivo é combater a pobreza, essas pessoas têm imensas carências económicas, nós sabemos que a habitação e a alimentação o dinheiro não chega. O objetivo não é só distribuir alimentos por distribuir alimentos, claro que os alimentos são extremamente importantes, mas o objetivo não é só esse.”
O Dia Mundial dos Pobres 2025, na sua nona edição, insere-se nas celebrações do Jubileu dos Pobres do Ano Santo 2025, entre esta sexta-feira e domingo, de 14 a 16 de novembro.
PR/CB/OC
| O Vaticano adianta que vão participar 10 mil peregrinos de todo o mundo no Jubileu dos Pobres, com destaque para as pessoas em situação de fragilidade e pobreza, assistidas por associações caritativas das dioceses, voluntários e operadores.
A Peregrinação Jubilar organizada pelo Secretariado Nacional da Pastoral Social da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da CEP decorre entre hoje e terça-feira, de 14 a 18 de novembro. ![]() Em nota enviada à Agência ECCLESIA, o SNPS informa que são 55 peregrinos – pessoas ligadas a Instituições de Ação Social, Saúde, Serviços Nacionais e Diocesanos da Igreja Católica, utentes das instituições, e peregrinos que, não estando ligados a nenhum destes, aceitaram o desafio. D. Roberto Mariz, bispo auxiliar do Porto, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social vai acompanhar esta peregrinação, e o padre José Manuel Pereira de Almeida destaca que tem “uma grande experiência também em campo social, mesmo quando era padre na Diocese de Braga”. “Isso também nos entusiasma muito, porque muitas das pessoas nunca viram um bispo assim sem ser lá em cima e com uma mitra esquisita. E ter o senhor D. Roberto como ele é também vai ser uma coisa boa”, acrescentou. A peregrinação do SNPS também vai passar pela cidade italiana de Assis, onde nasceu São Francisco, na próxima segunda-feira, e, segundo o sacerdote, “a primeira vez que alguém vai a Assis marca para a vida”, e isso era bom “fazer em conjunto”. “Sobretudo ir a São Damião, recordar que ali São Francisco ouviu de Jesus, o reconstrói a minha Igreja, e essa é a tarefa que, se não quisermos ocuparmos os pobres como um passatempo, é mesmo o reconstruir a Igreja que somos, a que somos chamados de novo e sempre”, destacou padre José Manuel Pereira de Almeida. O Jubileu dos Pobres começa com a ‘Vigília da Misericórdia’, animada pela Associação francesa ‘Fratello’, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, a partir das 17h30 locais (menos uma hora em Lisboa), desta sexta-feira, no dia seguinte, 15 de novembro, os peregrinos atravessam a Porta Santa da Basílica de São Pedro, entre as 09h00 e as 15h00, antes da oração mariana, na Praça de São Pedro, às 16h00, animada pela Associação ‘Fratello’. No domingo, o Papa vai presidir também à Missa do Dia Mundial dos Pobres 2025, às 10h00, na Basílica de São Pedro, depois, Leão XIV almoça com 1300 pessoas, que estão em situação de fragilidade e pobreza,. O Dia Mundial dos Pobres foi instituído na Igreja Católica com a carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’, que foi publicada no encerramento do Jubileu da Misericórdia (2016), e foi celebrado pela primeira vez no ano seguinte; o Papa Francisco almoçou com 1500 pessoas, no dia 19 de novembro de 2017. O Dicastério para a Evangelização da Santa Sé preparou um subsídio pastoral para as dioceses, paróquias e a todas as várias realidades eclesiais, prepararem e celebrarem o Dia Mundial dos Pobres, que está disponível online em seis idiomas (português). Secretariado Nacional da Pastoral da Social, Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, Cáritas Portuguesa, Cáritas Diocesanas, Centros Sociais Paroquiais, Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Capelania do IPO de Lisboa, das dioceses de Lisboa, Angra (S. Miguel e Terceira), Braga, Funchal, Leiria-Fátima, Portalegre-C. Branco, Santarém, Setúbal e Vila Real. |

