Dia Mundial dos Pobres: Jornada deve consciencializar a sociedade para «flagelo» da pobreza, afirma o patriarca de Lisboa

D. Rui Valério vai presidir este domingo à Missa no Bairro do Zambujal, na Amadora, e encontrar-se com sem-abrigo nas ruas de Lisboa

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 16 nov 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa espera que o VIII Dia Mundial dos Pobres, que se celebra este domingo, sensibilize a sociedade para o “flagelo” da pobreza e leve a uma “atitude de compromisso”.

“Aquilo que é importante no dia dedicado aos pobres é, em primeiro lugar, que todos nós, a sociedade no seu todo, se consciencialize desse flagelo. É um dia de reflexão”, afirmou D. Rui Valério esta sexta-feira, em declarações à Agência ECCLESIA, à margem da cerimónia da tomada de posse da reitora da Universidade Católica Portuguesa para o terceiro mandato.

Na senda da última carta encíclica do Papa Francisco ‘Dilexit nos’ (Amou-nos), aquilo que importa, segundo D. Rui Valério, é que através dos irmãos e irmãs que vivem situação da pobreza, “a sociedade se sinta mobilizada a agir mais a partir do coração”.

“Em terceiro lugar, é um dia de oração. Por isso é que acontece sempre no domingo. E a oração tem como finalidade aquela de nos ver aproximar de Deus e, ao aproximarmo-nos mais de Deus, aproximarmo-nos mais dos outros, dos nossos semelhantes”, referiu.

Assim, o patriarca de Lisboa entende que as atitudes de reflexão, solidariedade e oração devem desaguar numa quarta: o compromisso.

“A atitude do envolvimento, a atitude do fazer, porque a pobreza é algo que exige que deixemos os nossos pedestais da abstração, da utopia, e verdadeiramente desçamos ao compromisso no terreno, ao desenvolvimento, ao empreendedorismo para eles”, sublinhou.

Foto Agência ECCLESIA/SN, Bairro do Zambujal

D. Rui Valério vai este domingo presidir à Missa e visitar o Bairro do Zambujal, na Amadora, que recentemente foi palco de desacatos após um cidadão ter sido morto, depois de baleado pela polícia, seguindo-se dias de violência em vários bairros de Lisboa.

“Foi uma iniciativa [visita ao Bairro do Zambujal], da Cáritas de Diocesana, e não sei até que ponto é que a escolha foi ditada pelos últimos acontecimentos. Eu julgo que responderá mais a um planeamento que estava previamente estabelecido, desde há largos meses”, indicou.

D. Rui Valério vai mostrar proximidade com esta e outras populações e estará nas ruas de Lisboa, como faz “uma vez por mês”, para ir ao encontro dos sem-abrigo.

“É um dia de solidariedade, é um dia de reflexão, é um dia de oração e é um dia de ação”, destacou.

Sobre o aumento da taxa de risco da pobreza, segundo dados da Pordata, D. Rui Valério diz olhar para este “drama com aquele olhar de Jesus, quando voltando a sua visão para aquelas multidões, dizia que eram como ovelhas sem pastor”.

O patriarca de Lisboa refere que talvez seja essa compaixão que sente no coração, quando que se apercebe da chegada do “rigor do inverno”.

Todos eles, cidadãos que receberam ou não o batismo, “têm direito a pão e têm direito, seja o pão que sacia a fome do estômago, mas têm também direito ao pão da palavra, ao pão de um gesto de afeto, ao pão de um sacramento”, salientou.

“E é isso, pois, que como filho da Igreja eu estou na disposição de dar e de levar”, deu conta.

O Dia Mundial dos Pobres celebra-se anualmente penúltimo domingo do ano litúrgico, tendo em 2024 o tema ‘A oração do pobre eleva-se até Deus’, do livro bíblico de Ben-Sirá.

A data instituída na Igreja Católica pelo Papa Francisco em 2017 vai ser celebrada no Vaticano com uma Missa na Basílica de São Pedro, presidida pelo pontífice, um almoço com 1300 pessoas pobres e entrega de casas a vítimas de guerra.

LJ/PR

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Agência ECCLESIA

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