Agostinho Rodrigues e Carlos Nunes partilham histórias de recomeço

Setúbal, 16 nov 2025 (Ecclesia) – Agostinho Rodrigues e Carlos Nunes encontraram na Cáritas de Setúbal uma “família” que lhes devolveu dignidade e futuro, quando se encontravam a viver na rua e sem perspetivas de futuro.
Agostinho regressou a Setúbal “com uma malinha e um saquinho de plástico”, depois de “uma desconstrução muito violenta de sociofamiliar”, sem casa, sem trabalho e “com fome”.
“Eu cheguei à instituição numa época em que eu estava com fome e estava com vontade de não viver e que a minha vida não tinha sentido”, recorda à Agência ECCLESIA.
O participante no Jubileu dos Pobres, que hoje decorre no Vaticano, diz que é uma grande “honra” viver este dia com o Papa Leão XIV.
“Eu levo comigo a esperança daqueles que não vão e voltarei com mais coragem para enfrentar o dia a dia, talvez para ajudar quem precisa”, acrescenta.
A Cáritas Diocesana de Setúbal representou realmente a minha recuperação pessoal e psicológica para encarar um mundo, novamente, com otimismo, com alegria, em que eu realmente pudesse reestruturar a minha vida, ser independente e ter vontade de viver novamente”.

A participação em atividades comunitárias – passeios, convívios, música – ajudou Agostinho Rodrigues a reencontrar a autoestima.
“Consegui recuperar também a parte profissional. O meu otimismo. E nunca larguei a instituição”, sublinha, explicando que hoje procura também “ajudar” outros, numa dinâmica de “autoajuda recíproca”.
Já a história de Carlos Nunes começou a mudar em plena pandemia: depois da falência da agência de viagens que geria, viu-se sem rendimentos e sem casa.
“O meu processo de pedir ajuda à Cáritas foi muito significativo porque eu já estava mesmo numa situação de sem abrigo”, conta.
A primeira resposta foi alimentar, mas a urgência era também encontrar teto.
“Entrei aqui na Cáritas para o apartamento partilhado no dia 1 de abril, que era o dia das mentiras, mas para mim foi uma grande verdade, porque tornou-se realidade”, lembra, falando de noites passadas à espera de solução.
Através da Cáritas, Carlos pôde frequentar formação e reconquistar um lugar no mercado de trabalho.
“Eu hoje sou vigilante, com muito orgulho”, afirma, sublinhando o papel decisivo da instituição católica.
No dia em que assinou o contrato de trabalho, há um ano, sentiu que recuperava a esperança.
“O dia 16 de novembro, para mim foi um dia chave”, assinala.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco no encerramento do Jubileu da Misericórdia, em 2016, e celebrou-se pela primeira vez no ano seguinte; na sua nona edição, insere-se nas celebrações do Jubileu dos Pobres do Ano Santo 2025, entre esta sexta-feira e domingo.
O programa ‘70×7’, com emissão neste domingo às 17h30, na RTP2, vai destacar testemunhos de superação, abordando também as respostas da Cáritas Diocesana de Setúbal a situações de fragilidade.
OC
