Dia Mundial dos Avós e Idosos: «Não há netos preferidos», afirma Fátima Haderer

Avós de seis netos e com um a caminho, João e Fátima sublinham que não há diferença no amor que nutrem por eles, apesar te terem maior responsabilidade sobre quatro deles

Setúbal, 25 jul 2024 (Ecclesia) – Fátima e João Haderer estão casados há 50 anos, são pais de três filhos e preparam-se para ser avós pela sétima vez, numa família habituada a ser numerosa e em que não há distinções entre netos.

“Não há netos preferidos”, afirma Fátima Haderer, de 72 anos, à Agência ECCLESIA, que explica que apesar de criar em parte, em conjunto com o marido João, quatro dos netos, “não há qualquer tipo de diferença” entre todos.

A Igreja Católica assinala a 28 de julho, no quarto domingo do mês, o IV Dia Mundial dos Avós e Idosos, uma celebração instituída pelo Papa Francisco, junto à festa litúrgica de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho), os avós de Jesus.

“O amor é incondicional e eu às vezes penso nisso. Porque é como aos filhos. Os filhos são todos diferentes, mas nós não gostamos mais de uns. Podemos relacionar-nos melhor com um ou com outro em termos de feitios, mas isso não obsta que o amor não seja o mesmo”, acrescenta.

Bernardo, de 13 anos, Tomé, de 8, Belém, de 5, e Nicolau, de 1 ano, são filhos de Patrícia, filha mais velha do casal, e de José Paulo, ambos comissários de bordo de longo curso, obrigando-os a ficar afastados de casa durante parte da semana e a deixar os filhos na casa dos avós, em Corroios, Setúbal.

“Três dias e três noites ficam connosco por semana. Este mês tem sido quinta a domingo, quinta a domingo. E, portanto, eu vou buscar aos colégios, às escolas. Vão para casa, tomam banho, dou jantar, deito”, explica a avó, que diz que “é sempre uma logística grande”, apesar de não a trocar “por nada”.

João Haderer gosta muito de ter os netos em casa, no entanto assume que “é uma grande preocupação, porque a responsabilidade é tremenda”.

“Eu tenho sempre receio que eles caiam, que se aleijem por qualquer motivo. De maneira que é um tormento para mim. Estou sempre alerta, com medo que aconteça alguma coisa, porque a responsabilidade realmente está toda nas nossas mãos e é muito grande”, refere.

O avô reconhece que o principal trabalho em cuidar dos netos é de Fátima, uma vez que ainda trabalha como despachante oficial.

“Eu faço tudo por prioridades. E como fui professora [de matemática] do ensino secundário, eu tenho essa capacidade de organização e de tempos. E eu não faço as coisas, não enrolo as coisas. As coisas têm que seguir assim. E tenho muitas rotinas com eles. E como já tenho essas rotinas, acaba por ser cansativo. Eu não posso dizer que não é, porque eu não paro. Até eles irem para a cama. Quando eles estão na cama, já respiro fundo. Até pela preocupação”, conta Fátima.

Joana Haderer, jornalista e uma das filhas do casal, descreve como “absolutamente fundamental” o papel de Fátima e João na vida dos netos, que para além de companheiros e amigos, dão uma grande ajuda quando o trabalho assim o exige.

“Os meus horários muitas vezes mudam muito e, portanto, é sempre: ‘Mãe, podes ir buscar, podes ficar, podes…’ E a minha mãe e o meu pai dizem sempre que sim, sempre. Mesmo só se não puderem por algum motivo, porque de resto nós sabemos sempre que podemos contar com o apoio deles para tudo”, garante.

Para Bernardo, o neto mais velho, a relação que tem com os avós é “fantástica”: “São das pessoas mais importantes e presentes da minha vida”.

Brincar no parque, buscar à escola, jantar fora, ir à piscina e fazer piqueniques são as atividades preferidas que os seis netos dizem realizar com os avós, que também procuram transmitir-lhes muitas responsabilidades.

“Eles muitas vezes obedecem muito mais aos avós do que propriamente aos pais. Muito mais. Nós realmente somos um bocado rígidos nessas situações”, destaca João.

“Também não podemos fazer as coisas não ligando àquilo que os pais dizem. Os pais têm regras e nós tentamos prolongar essas regras. Com o toquezinho da avó e de avô”, ressalta Fátima.

O Dia Mundial dos Avós é uma data sempre assinalada, especialmente por Fátima, conhecida pela alcunha “sempre em festa”.

Avó Fátima Haderer e netos | Foto: DR

A avó recorda os tempos de pandemia, em que levou os netos a andar de tuk-tuk até à Costa da Caparica para comer gelados e há dois anos quando passou o dia com os seis na piscina.

“Fazemos uns piqueniques, fazemos assim umas coisas, eu festejo sempre. O ano passado, não sei porquê, não tivemos grandes oportunidades, mas agarrámos em todos e fomos comer um gelado todos para uma gelataria. Pelo menos, nem que seja pontual, eu assinalo sempre. Porque acho que, como há o dia da mãe e o Dia do Pai, acho que é sempre de festejar”, realça.

O Departamento Nacional da Pastoral Familiar lançou recursos para a celebração do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, tendo convidado a escritora Isabel Stillwell a contribuir com reflexões sobre a relação entre avós e netos, e propôs às famílias construírem uma árvore da família com as palavras que contam a história da família desde os mais idosos aos mais novos.

O IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos está em destaque no programa ’70×7 ‘(RTP2, 07h30) deste domingo.

LJ/OC

Dia Mundial dos Avós: Papa pede que celebração seja dia de «encontro» para todos (c/vídeo)

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