Escritora destaca necessidade de «suscitar a imaginação» dos mais novos
Lisboa, 23 jul 2022 (Ecclesia) – Alice Vieira, escritora e avó de quatro netos, destacou a importância de ter tempo para “estar com os netos”, sem horas marcadas, no qual se consegue “suscitar a imaginação” dos mais novos.
“Eu estava com os meus netos quando eram pequeninos quando podia estar, que era para falarmos para fazer coisas divertidas, e não era o ATL, e isso também fez com que a nossa relação seja muito boa, fazíamos coisas malucas de avó e netos”, conta a escritora à Agência ECCLESIA.
Com os netos “já crescidos” e a viver no estrangeiro, as saudades matam-se através de videochamadas.
“Falamos muito, sinto-os muito comigo e não há nada melhor”, reforça.
Sem ter tido “relação com os seus avós”, Alice Vieira sempre pensou que, “quando fosse avó ia ser diferente” e, apesar de ter “tido pouco convívio com os netos quando eram pequenos” a relação é muito forte.
“Tive pouco convívio com eles, porque viviam no estrangeiro, mas quando estavam cá havia uma coisa que gostava era de contar histórias quando iam para a cama… A outra coisa era ir para a janela do quarto onde eles ficavam, que dava para o hospital, e suscitar a imaginação deles, tentando que descrevessem o que lá se estava a passar, eles matavam toda a gente”, recorda, sorrindo.
As conversas com os netos são frequentes no dia a dia de Alice Vieira que indica que, por exemplo com a neta mais velha que vive em Cambridge, “sabe tudo da vida dela e ela da vida da avó”.
A escritora e jornalista não se considera uma “avó normal” e defende que os netos “não se podem sentir obrigados a ir ter com a avó”, a relação “não pode ser imposta”.
“Isso é o mais importante: eles não se acharem obrigados a virem cá e estar comigo; os meus netos fizeram percursos brilhantes nas escolas mas, para mim, o que interessa mesmo é que são boas pessoas”, assume.
Viúva, há 18 anos, do também jornalista Mário Castrim, Alice Vieira “não entende” os distanciamentos de que às vezes se fala, entre avós e netos.
“Ou os avós estão chatos ou os miúdos não se interessam, mas todos têm a aprender uns com os outros, os velhos têm muitas coisas ensinar e eles têm muita coisa a ensinar aos avós”, sustenta.
Dadas a realidade dos netos viverem longe, Alice Vieira aprendeu com os netos a fazer videochamadas e defende que os netos podem aprender “coisas banais” com os avós, como “cozinha ou História de Portugal”.
“Um dia eles vão ser avós e depois vão gostar de ter alguém mais novo ao pé deles e devem pensar nisso”, indica.
A escritora retomou as suas visitas às escolas, de “forma limitada e gradual”, porque entende que tem de “escutar os miúdos”, para perceber a linguagem deles ao escrever personagens daquelas idades.
A Igreja Católica assinala a 24 de julho o II Dia Mundial dos Avós e Idosos e esta entrevista integra o programa 70×7, deste domingo, na RTP 2 às 07h30, ficando depois disponível online.
A celebração é promovida pela Santa Sé, por iniciativa do Papa Francisco, sendo assinalada no quarto domingo de julho, junto à festa litúrgica de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho), os avós de Jesus.
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida lançou um “kit pastoral” para a celebração do II Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, em todas as comunidades católicas, com propostas para a Missa dominical e o convite a visitar quem se encontra sozinho.
HM/SN