Francisco assina mensagem para celebração anual, evocando vítimas da pandemia e empenho dos profissionais
Cidade do Vaticano, 11 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa defende na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente, que se celebra hoje, um acesso universal a serviços de saúde, recordando milhões de pessoas excluídas socialmente nos cinco continentes.
“Penso sobretudo nas populações das zonas mais pobres da Terra, onde por vezes é necessário percorrer longas distâncias para encontrar centros de tratamento que, embora com recursos limitados, oferecem tudo o que têm disponível”, indica Francisco.
A mensagem para a celebração anual, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, tem como tema ‘«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36). Estar ao lado de quem sofre num caminho de amor’.
“Há ainda um longo caminho a percorrer para garantir a todos os doentes, mesmo nos lugares e situações de maior pobreza e marginalização, os cuidados de saúde de que necessitam e, também, o devido acompanhamento pastoral”, adverte Francisco.
O Papa recorda quem deixa de receber cuidados de saúde por causa da “exclusão social ou pelas dificuldades no tratamento dalgumas patologias”.
“Em tais situações, são sobretudo as crianças, os idosos e as pessoas mais fragilizadas que pagam o preço mais alto”, precisa.
Francisco lamenta a falta de disponibilidade de vacinas contra a Covid-19, nos países mais pobres, a que se soma a “falta de tratamentos para patologias que requerem medicamentos muito mais simples”.
Ainda há um longo caminho a percorrer e, nalguns países, receber adequados tratamentos continua a ser um luxo”.
O XXX Dia Mundial do Doente está a ser celebrado solenemente no Vaticano e não Arequipa, no Perú, por causa das limitações impostas pela pandemia.
Francisco – que em 2021 esteve internado durante 10 dias, após uma intervenção cirúrgica – deixa votos de que esta jornada ajude todos a “crescer na proximidade e no serviço às pessoas doentes e às suas famílias”.
“Como não recordar os numerosos doentes que, durante este tempo de pandemia, viveram a última parte da sua existência na solidão duma Unidade de Cuidados Intensivos, certamente cuidados por generosos profissionais de saúde, mas longe dos afetos mais queridos e das pessoas mais importantes da sua vida terrena?”, realça.
A mensagem destaca os avanços da ciência médica e sublinha a importância dos profissionais de saúde.
“O vosso serviço junto dos doentes, realizado com amor e competência, ultrapassa os limites da profissão para se tornar uma missão. As vossas mãos que tocam a carne sofredora de Cristo podem ser sinal das mãos misericordiosas do Pai. Permanecei cientes da grande dignidade da vossa profissão e também da responsabilidade que ela acarreta”, refere o Papa.
Francisco sublinha que “o doente é sempre mais importante do que a sua doença”, pelo que “qualquer abordagem terapêutica não pode prescindir da escuta do paciente”.
Mesmo quando não se pode curar, sempre é possível tratar, consolar e fazer sentir à pessoa uma proximidade que demonstre mais interesse por ela do que pela sua patologia. Espero, pois, que os percursos de formação dos operadores da saúde sejam capazes de os habilitar para a escuta e a dimensão relacional”.
A mensagem elogia ainda o papel instituições sanitárias católicas, que combatem a “cultura do descarte”.
“Estas estruturas, como casas da misericórdia, podem ser exemplares na salvaguarda e no cuidado de cada existência, mesmo a mais frágil, desde o próprio início até ao seu termo natural”, pode ler-se.
O Papa apela ao empenho de todos os católicos no campo da Pastoral da Saúde, a começar pelas visitas aos doentes, e conclui com uma oração por todos os profissionais do setor.
OC