Capelão do Hospital Pediátrico Dona Estefânia em Lisboa lida todos os dias com as alegrias, esperanças e perdas das famílias
Lisboa, 11 fev 2016 (Ecclesia) – O padre Carlos Azevedo é capelão no Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa, há mais de 13 anos e já testemunhou muitos casos em que o sofrimento foi porta para uma maior aproximação a Deus.
Numa entrevista publicada na última edição do Semanário ECCLESIA, o sacerdote aborda a sua missão numa unidade de saúde especialmente dedicada a crianças e que todos os dias é marcada pelas alegrias, esperanças e perdas das famílias.
“Muitas vezes as pessoas aproximam-se de Deus para pedir, para implorar, para agradecer. Há aqui um sentido muito bonito de gratidão, sempre muito forte, por tudo aquilo que são as superações”, realça o capelão.
Grande parte da comunidade que se junta para celebrar missa na capela do hospital D. Estefânia “é constituída por pais”, uns “cujos filhos superaram a doença” e outros “que tiveram crianças que partiram daqui”.
“Frequentemente a relação que as pessoas têm com Deus é de revolta, algo que nos habituámos também a gerir de uma forma positiva, porque muitas vezes a revolta é o primeiro ato de fé verdadeira”, realça o padre Carlos Azevedo, para quem “é tão importante estimular esta relação de revolta para com Deus como o contrário”.
“Porque creio que Deus aguenta. Se a revolta for dirigida aos médicos, aos enfermeiros, aos auxiliares, ou até dentro do próprio núcleo familiar, a algum dos membros, isto torna o processo muito mais difícil”, acrescenta aquele responsável.
O Hospital Dona Estefânia tem a particularidade de ter sido a última morada de Jacinta Marto, uma das videntes de Fátima, que ali faleceu a 20 de fevereiro de 1920.
Para o padre Carlos Azevedo, Jacinta tem sido “ao longo de quase 90 anos” uma figura “muito inspiradora” para todos quantos recorrem, visitam ou trabalham no hospital.
“Costumamos dizer que a grande virtude dos pastorinhos de Fátima não foi só terem visto Nossa Senhora, mas essencialmente a sua heroicidade no sofrimento. E muitas vezes isto serve também para passarmos daqui da capelania para a restante comunidade hospitalar um bocadinho dessa fortaleza”, sublinha o sacerdote.
A mensagem que o Papa Francisco publicou para o Dia Mundial do Doente, que hoje se assinala, destaca “a doença” como um “caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus”.
Realça ainda a importância da fé que “nestas situações, se por um lado é posta à prova, por outro revela toda a sua força positiva”.
Segundo o capelão do Hospital D. Estefânia, a vida de Jacinta Marto permanece hoje como um exemplo dessa força positiva.
“Para que nas horas de maior dificuldade, não seja só o sofrimento a comandar a vida, mas também a nossa valentia, a nossa fé, o nosso amor, a esperança que é tão fundamental nestas horas”, frisa o padre Carlos Azevedo.
JCP