Médico psiquiatra destaca o «rastreio, o diagnóstico e a prevenção» como pontos chave na forma de encarar a velhice
Lisboa, 09 fev 2023 (Ecclesia) – Pedro Varandas, médico psiquiatra e diretor clínico do Ginásio Cerebral Sénior Comunitário, disse à Agência ECCLESIA que o espaço quer promover o “envelhecimento ativo” e destaca que o “isolamento social é um fator importante na perda da saúde mental”.
“Com a pandemia e confinamentos surgiu muito isolamento, sabemos que o isolamento social, quer nos idosos, quer nas crianças, é um fator importante para a perda da saúde mental, aqui é o ponto de acolhimento e disponibilidade de estabelecer relações sociais que, de outro modo, não podiam estabelecer na sua comunidade”, explica o especialista.
Para Pedro Varandas, o “rastreio e o diagnóstico, bem como a prevenção” podem ser elementos chave na forma como os idosos encaram a sua velhice, que pode trazer “diminuição de capacidades cognitivas”.
“O ginásio cerebral sénior comunitário visa sobretudo prestar cuidados de saúde de natureza preventiva e reabilitativa, e até terapêutica, a uma população mais velha na sua comunidade, é um espaço destinado às funções cognitivas”, precisa.
A valência resulta de uma parceria entre a Casa de Saúde da Idanha, das Irmãs Hospitaleiras, com a Câmara Municipal de Sintra, iniciou em 2018, sofreu “adaptações em tempo de pandemia” e, em dezembro de 2022, “abriu no Cacém”.
Para o Dia Mundial do Doente, celebrado a 11 de fevereiro, o Papa intitulou a sua mensagem “Trata bem dele”, um mote que, na opinião do médico, está bem alinhado com o carisma das Irmãs Hospitaleiras.
“Tratar bem é a missão das Irmãs Hospitaleiras e a mensagem do Papa está alinhada ou, ao contrário, as Irmãs estão perfeitamente alinhadas com a mensagem do Papa e é isso que aqui fazemos, cuidado e relacionamento com o outro, amar o outro”, explica.
Para o médico psiquiatra, “esta estrutura de intervenção visa sobretudo o envelhecimento ativo” daqueles séniores que procuram o rastreio e que “possa ser passível de uma intervenção para melhorar o desempenho intelectual e a forma como vai cuidar da sua vida”.
Esta experiência será piloto para que no futuro esta mensagem e forma de intervir se possa espalhar pela cidade de Lisboa e por outros locais, quer pela nossa própria instituição mas por outras que queiram adotar o conhecimento e metodologias que vamos treinando e desenvolvendo”.
Para o médico psiquiatra, a prevenção nesta faixa etária é palavra de ordem e que “pode mudar o processo que pode levar a uma doença”.
“A prevenção pode conseguir mudar o curso do processo que pode levar a uma doença, neste caso a própria prevenção pode ter esta função ou alterar um bocadinho o ritmo da evolução da doença, falamos de demência e aqui fazemos este trabalho que pode modificar bastante o curso inevitável das pessoas que podem ficar demenciadas”, aponta.
Do Ginásio Cerebral Sénior Comunitário, a funcionar no Cacém, Pedro Varandas sublinha a intervenção da plataforma criada por robot, “que associa o treino cognitivo ao movimento físico”.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA deste sábado, Dia Mundial do Doente, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online e em podcast.
SN
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