Francisco recorda «coragem» dos primeiros cristãos e evoca perseguições religiosas da atualidade
Cidade do Vaticano, 22 out 2022 (Ecclesia) – A Igreja Católica vai celebrar este domingo o Dia Mundial das Missões, para o qual o Papa aponta novos horizontes “geográficos, sociais, existenciais” às comunidades católicas.
“Não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo, na sua missão. A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará ‘em saída’ rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanos ‘de confim’, para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social”, escreve Francisco, na sua mensagem para esta celebração, divulgada a 6 de janeiro deste ano, solenidade da Epifania do Senhor e Dia da Infância Missionária.
O texto intitulado ‘Sereis minhas testemunhas’, inspirado numa passagem do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos (At 1, 8); o Dia Mundial das Missões celebra-se no penúltimo domingo do mês de outubro.
O Papa sustenta que a missão será sempre ‘também missio ad gentes’, considerando que “a Igreja terá sempre de ir mais longe, mais além das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo”.
“Na evangelização, caminham juntos o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo. Um serve ao outro. São os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária”, indica.
Francisco identifica como “fundamental, para a transmissão da fé”, o testemunho de vida dos cristãos.
Exorto todos a retomarem a coragem, a ousadia, aquela parrésia dos primeiros cristãos, para testemunhar Cristo, com palavras e obras, em todos os ambientes da vida”.
A mensagem pontifícia sublinha o “caráter universal” da missão dos discípulos de Jesus e a natureza missionária da própria Igreja.
“A missão realiza-se em conjunto, não individualmente: em comunhão com a comunidade eclesial e não por iniciativa própria”, observa.
Francisco escreve que, “em última análise, a verdadeira testemunha é o ‘mártir’, aquele que dá a vida por Cristo”, antes de evocar as “perseguições religiosas e situações de guerra e violência” que afetam hoje muitos cristãos, “constrangidos a fugir da sua terra para outros países”.
“Estamos agradecidos a estes irmãos e irmãs que não se fecham na tribulação, mas testemunham Cristo e o amor de Deus nos países que os acolhem”, indica.
O Papa acrescenta que a presença dos fiéis de várias nacionalidades “enriquece o rosto das paróquias, tornando-as mais universais, mais católicas”.
“O cuidado pastoral dos migrantes é uma atividade missionária que não deve ser descurada, pois poderá ajudar também os fiéis locais a redescobrir a alegria da fé cristã que receberam”, refere.
A mensagem conclui-se com um agradecimento aos “inúmeros missionários que gastaram a vida para ‘ir mais além’, encarnando a caridade de Cristo por tantos irmãos e irmãs que encontraram”.
OC