Dia Mundial das Comunicações Sociais

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

Assinala-se este domingo o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Trata-se de uma jornada que é proposta à Igreja Católica, aos comunicadores e a toda a sociedade há 53 anos! A ideia surgiu no Concílio Vaticano II e, desde então, há mensagens, desafios e projetos que se tornam particularmente presentes neste dia, celebrado sempre no Domingo da Ascensão, no VII domingo após a Páscoa.

O tema da comunicação granjeia todas as sentenças! Os media, os  seus dirigentes e colaboradores são alvo de muitos juízos, veredictos sem retorno a respeito de programas, formatos, alinhamentos, estrelas do ecrã… Porque, mais do que recetores, todos somos produtores de conteúdos e acreditamos no direito que nos assiste de decidir sobre como deveria ser a primeira página de um jornal, a emissão de uma rádio ou televisão. E até se considera a possibilidade de participar no “negócio” das partilhas e gostos que invadem redes sociais, relevantes na opinião pública ao ponto de determinar mercados, leis, julgamentos, não só na barra dos tribunais, mas sobretudo os públicos.

E esta é a presença dos media no quotidiano: são o ambiente onde somos, vivemos, estamos. São uma cultura! Um excesso?

Seria oportuno retomar a perspetiva instrumental com que foram considerados os meios de comunicação social durante décadas. Depois, a tese de que o meio é mais relevante que a mensagem e a valorização da forma em relação ao conteúdo levou a catalogar o ambiente da comunicação digital em que vivemos como a cultura atual. Mesmo que o seja, ela resulta da utilização de ferramentas, dispositivos, instrumentos. E quando são tomados só por si, o descontrolo na comunicação é evidente, onde a possibilidade de manobrar a opinião pública é clara, a pretensão de tomar uma pequena parte que cada um constitui pelo todo do processo de comunicação um risco e os enganos em que nos envolvemos uma constatação de que nos apercebemos cada vez mais tardiamente.

No ambiente da comunicação da atualidade, torna-se urgente que cada pessoa retome o distanciamento em relação a qualquer mensagem, relativize o pouco que se diz acerca de um facto, que normalmente é um processo, um todo com princípio e fim raramente considerados e conhecidos.

Para os media, é vital a afirmação da indispensabilidade da mediação das empresas de comunicação, com especial incidência no exercício do jornalismo, no seu rigor deontológico e através de meios constituídos para tal.

Institucionalmente, a verdade e a transparência permanecem como princípios inegociáveis para toda a comunicação das organizações, impossíveis de substituir por qualquer estratégia, evento ou “negócio”.

E quando as pessoas, os meios ou as organizações estão na esfera do catolicismo, as regras terão de ser as mesmas, claro! E de que forma devem ser concretizadas? Há um documento que o diz: “Communio et Progressio”. Mudando o que tem de ser mudando, por causa da distância de 50 anos em que foi escrito, este documento é uma magna carta a seguir nos dias de hoje, ao pormenor! Porque afirma a prioridade da comunicação na Igreja Católica, diz que estruturas devem ser criadas e o seu enquadramento nos demais setores da instituição, os recursos humanos e técnicos a considerar, os meios a possuir e a organização a promover.

Trata-se de um documento que surgiu para operacionalizar a aposta da Igreja Católica nos media, definida no Concílio Vaticano II, onde a forma de assinalar do Dia Mundial das Comunicações Sociais é particularmente referida. Que se retome, pelo menos em cada Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Paulo Rocha

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