Dia Mundial da Pesca: Vaticano sublinha «necessidade de zelar pela defesa da dignidade dos pescadores»

Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) assina mensagem, onde lamenta as «tempestades» que estes trabalhadores enfrentam «muito além dos mares»

Foto: Lusa

Cidade do Vaticano, 13 nov 2025 (Ecclesia) – O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) lançou hoje uma mensagem para o Dia Mundial da Pesca, acentuando a importância de defender a dignidade dos pescadores e salientando as más condições de trabalho.

“Para além dos controlos necessários para aplicar as leis e medidas relativas às condições de trabalho dos pescadores, neste Dia Mundial da Pesca, é importante sublinhar a necessidade de zelar pela defesa da dignidade dos pescadores (incluindo os que praticam a aquicultura) e das suas famílias, procurando o seu desenvolvimento integral”, lê-se no texto, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

Desde 1998, que esta jornada se celebra a 21 de novembro, com o objetivo de chamar a atenção para o modo de vida neste setor e apoiar a pesca sustentável, “reconhecendo e prestando homenagem às comunidades piscatórias de todo o mundo e realçando a importância desta atividade para a vida humana e para a saúde dos ecossistema”, assinala a mensagem.

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que assina o texto com o título “Não Apanhámos nada, mas, à tua palavra, lançarei as redes”, do Evangelho de Lucas, defende que “é preciso dar voz aos pescadores”.

Tal é necessário para “que as políticas e as leis que os afetam não sejam discutidas apenas por aqueles que ‘vivem e raciocinam a partir da comodidade de um elevado nível de desenvolvimento e de uma qualidade de vida muito acima do alcance da maioria da população mundial’”, destacou.

Segundo o cardeal Michael Czerny, “os mares não são apenas uma realidade física, mas também um espaço espiritual de interdependência entre o ser humano e toda a Criação”, acrescentado que, “de modo especial, os pescadores podem ser guardiães da Criação”.

Lamentavelmente, muitos pescadores enfrentam tempestades muito além dos mares: baixos rendimentos, insegurança no emprego, más condições de trabalho, o facto de estarem longe das suas famílias. Não devemos esquecer que por detrás de cada captura há uma vida, uma família, um apelo ao desenvolvimento integral!”, pediu.

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral aponta a “pesca altamente industrializada” como “uma grande ameaça para as frotas artesanais, uma vez que diminui a captura que resta”.

“A bordo dos grandes navios-tanque de pesca industrial, as tripulações permanecem durante meses, vivendo em espaços reduzidos e desconfortáveis, longe das suas famílias, com horários de trabalho que muitas vezes ultrapassam os limites legislados”, denunciou.

O cardeal indica que “muitos deles são migrantes que, em alguns casos, são contratados em condições discriminatórias”, realçando que este setor “em geral tem um lado sinistro”, citando a Organização Internacional do Trabalho, que diz que “a pesca e as ocupações com ela relacionadas são algumas das profissões mais perigosas”.

Na mensagem, com referências aos Papas João Paulo II, Francisco e Leão XIV, D. Michael Czerny enfatiza a necessidade do empenho na resolução das causas estruturais da pobreza, também no setor da pesca.

“Este compromisso implica valorizar e promover a dignidade humana. É evidente que o cuidado dos mares e da pesca está intimamente ligado ao cuidado das pessoas”, ressaltou.

O cardeal assinalou que a “Igreja, através da Obra do Apostolado do Mar, procura estar presente onde os pescadores e os marinheiros mais sofrem” e agradeceu aos capelães e voluntários que “acompanham aqueles que suportam longas ausências das suas famílias, condições de trabalho perigosas e dias difíceis no mar, tornando-se também porta-vozes da sua dignidade”.

“Que Maria guie e proteja aqueles que sulcam os mares e, com a sua intercessão maternal, sustente todos na esperança, na justiça e no compromisso pelo cuidado dos mares”, concluiu.

LJ/OC

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