José Vera Jardim sublinha importância dos valores partilhados pelas comunidade de fé e defende o «direito e dever» que cabe às confissões religiosas de estar presentes nos grandes debates da sociedade, a começar pela questão da paz
Lisboa, 01 jan 2020 (Ecclesia) – O presidente da Comissão de Liberdade Religiosa (CLR), José Vera Jardim, manifestou à sua Agência ECCLESIA a sua preocupação com os atentados à liberdade de culto e de consciência, a nível global.
“Há, hoje em dia, em variadíssimas partes do mundo, uma perseguição religiosa grave, que atenta contra o princípio da liberdade religiosa e atenta contra a liberdade de consciência, de culto”, referiu o responsável, em entrevista a respeito do Dia Mundial da Paz, que se assinala hoje, por iniciativa da Igreja Católica.
O presidente da CLR fala no “direito e dever” que cabe às confissões religiosas de estar presentes nos grandes debates da sociedade, dando o seu contributo, a começar pela questão da paz.
“Há quem entenda que o papel das religiões é um papel reservado ao interior da vida de cada um, ao culto fechado dentro das respetivas igrejas, sem presença visível na sociedade. Eu não tenho esse entendimento”, indica Vera Jardim.
A Igreja Católica celebra o início de 2020 com uma proposta do Papa Francisco, sobre o tema “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”.
Para o presidente da CLR, esta é uma “mensagem muito importante”, que não se limita às comunidades católicas.
“O Papa refere-se a isto: a paz não é apenas a ausência de guerra, a paz é um estado de espírito, das pessoas e das comunidades”, precisa.
Vera Jardim confessa-se um “profundo admirador” da ação do Papa Francisco, como a sua atenção aos “problemas ecológicos”.
“Estamos confrontados com problemas sérios” que podem gerar conflitos, com base na necessidade de “garantir as condições de sobrevivência”, adverte o antigo ministro socialista.
O presidente da CLR considera que se vive “uma situação preocupante em quase todo o mundo”.
“Há um desentendimento profundo entre as pessoas, entre instituições, entre grupos religiosos, apesar dos exemplos muito bons de diálogo inter-religioso que se têm dado nos últimos anos”, observa.
Vera Jardim sustenta ainda que as novas gerações devem “ter consciência do valor que significa a paz”, procurando contrariar o medo “baseado no desconhecimento”, através do “respeito mútuo”.
O responsável saúda o ambiente de “boa colaboração”, dentro da CLR, num ano em que foi aprovada a Resolução da Assembleia da República nº 86-A/2019, que instituiu o 22 de junho como Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-Religioso.
PR/OC