Antigo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Portugal comenta mensagem do Papa
Lisboa, 30 dez 2016 (Ecclesia) – O general Luís Valença Pinto disse à Agência ECCLESIA que a “não-violência” proposta pelo Papa na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2017 sublinha a importância de sobrepor os “valores” a objetivos estratégicos.
“Esta mensagem é reforçadamente mais importante e reforçadamente mais legítima e possível porque, com a alteração do quadro geopolítico no pós-Guerra Fria, a segurança e as questões que se colocam na ordem geopolítica deixaram de estar apenas resumidas aos Estados”, assinala o especialista.
Para o antigo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Portugal, a não-violência deve ser ativa, isto é, “não deve ser confundida com neglicência, com rendição, com passividade”.
‘A não-violência: estilo de uma política para a paz’, é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 50.° Dia Mundial da Paz, que a Igreja Católica assinala a 1 de janeiro de 2017.
Luís Valença Pinto admite que esta é uma proposta difícil mas não “irreal”, que deve inspirar os líderes internacionais a orientarem as suas ações por valores concretos.
“Acima dos objetivos, têm de estar os princípios e os valores, que são critérios fundamentais”, realça.
O entrevistado comenta ainda a referência feita pelo Papa Francisco à necessidade de um desarmamento nuclear.
“Devemos ter este objetivo como critério, devemos realmente impedir, contrariar a proliferação, com a certeza de que se falharmos num qualquer exercício de proliferação nuclear, ela vai ser expansiva, muito expansiva, mesmo”, adverte.
O tema escolhido pelo Papa pode ser visto como mote inspirador para o trabalho do novo secretário-geral da ONU, António Guterres.
O general Valença Pinto sustenta que, apesar de ter um “poder limitado”, nada pode impedir o responsável português de ser “uma consciência moral e política, por esta ordem, dentro das Nações Unida”.
A mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz é enviada para os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo e designa a linha diplomática da Santa Sé para o novo ano.
OC