Sociedade atual precisa de soluções criativas para a resolução de conflitos, frisa a organização em Portugal
Lisboa, 30 dez 2016 (Ecclesia) – A Comunidade de Santo Egídio em Portugal considera a busca da paz um desafio fundamental para quebrar um “ciclo vicioso onde não há vencedores e quem sofre são sempre os mais pobres e frágeis”.
Num texto sobre a mensagem que o Papa dedicou ao 50.º Dia Mundial da Paz, que vai ser assinalado este domingo, aquela instituição destaca a tónica da “não-violência” e da proposta que Francisco deixa para que as pessoas façam da paz um “estilo de vida”.
“O trabalho pela paz começa no momento em que decidimos mudar o nosso próprio coração, torná-lo mais permeável ao amor e ao perdão e quando escolhemos deixar para trás o ódio e a violência”, frisa a Comunidade de Santo Egídio.
Fundada em Itália em 1968, esta organização tem-se empenhado na erradicação da pobreza e da desigualdade social, e ao mesmo tempo trabalhado pela construção da paz e da defesa dos direitos humanos, a nível internacional.
Reconhecida pela União Europeia e pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas, a Comunidade de Santo Egídio tem assumido a mediação de vários conflitos, entre os quais a guerra civil em Moçambique.
Desempenhou inclusivamente um papel decisivo na assinatura do acordo de paz entre a Frelimo e a Renamo em 1992, depois de 16 anos de confrontos.
“O Papa lembra a importância de não responder à violência com mais violência, mas antes utilizar o diálogo e o perdão para construir caminhos de paz”, realça a Comunidade, que considera essencial que a humanidade “aprenda a deixar para trás a vingança e ódio”, pois “estes apenas geram mais divisão, guerra e morte”.
Optar pela “não-violência” não significa “apenas não maltratar os outros, não fazer a guerra, é muito mais do que isto”.
“Por isso o Papa fala de uma não-violência ativa. Ativa porque implica entrar na vida dos nossos irmãos e transformá-la, torná-la melhor, e também deixarmo-nos transformar continuamente para nos tornarmos melhor. Não podemos ficar silenciosos e inertes contra os males do mundo, contra a injustiça”, pode ler-se.
Para a Comunidade de Santo Egídio, “é preciso responder ao mal com o bem” e importa que as pessoas voltem a sonhar que “a paz é possível”.
“Infelizmente, o mundo carece de sonhos, carece de pessoas que sonhem, que apresentem soluções criativas para a resolução de conflitos, que aceitem o desafio difícil mas não impossível, de construir a paz. Pode parecer irrealista mas o amor, os sonhos e o diálogo são poderosas ferramentas na construção de paz”, frisa aquele organismo.
O Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.
A mensagem do Papa Francisco para 2017, intitulada ‘A não-violência: estilo de uma política para a paz’, merece amplo destaque no Semanário ECCLESIA, que inclui uma entrevista de fundo com o general Luís Valença Pinto, antigo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Portugal.
JCP