Dia Mundial da Paz 2025: Papa apela a perdão da dívida dos países pobres

Mensagem sublinha impacto da crise ecológica nas populações mais desprotegidas

Cidade do Vaticano, 12 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje ao perdão da dívida dos países mais pobres, sublinhando o impacto da crise ecológica nas populações mais desprotegidas.

“Inspirando-me neste ano jubilar, convido a comunidade internacional para que atue no sentido de perdoar a dívida externa, reconhecendo a existência de uma dívida ecológica entre o Norte e o Sul do mundo”, escreve Francisco, na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2025, ano em que a Igreja celebra um Ano Santo.

O texto, com o tema ‘Perdoa-nos as nossas ofensas: concede-nos a tua paz’, apela a ações concretas para que a crise da dívida “possa ser ultrapassada e todos possam voltar a reconhecer-se como devedores perdoados”.

“Reconhecendo a dívida ecológica, os países mais ricos sentir-se-ão chamados a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para perdoar as dívidas dos países que não estão em condições de pagar o que devem”, acrescenta.

Certamente, para que não se trate de um ato isolado de beneficência, que corre o risco de desencadear de novo um ciclo vicioso de financiamento-dívida, é necessário, ao mesmo tempo, desenvolver uma nova arquitetura financeira que conduza à criação de um acordo financeiro global, baseado na solidariedade e na harmonia entre os povos”.

Francisco apela a uma “mudança cultural”, no Jubileu de 2025, para que se promovam as mudanças necessárias na superação da “atual condição de injustiça e desigualdade”, recordando que “os bens da terra não se destinam apenas a alguns privilegiados, mas a todos”.

“Quando uma pessoa ignora a própria ligação com o Pai, começa a nutrir um pensamento de que as relações com os outros podem ser regidas por uma lógica de exploração, em que o mais forte pretende ter o direito de prevalecer sobre o mais fraco”, adverte.

O Papa deixa uma reflexão sobre o atual sistema internacional, observando que “se não for alimentado por uma lógica de solidariedade e interdependência, gera injustiças que, exacerbadas pela corrupção, aprisionam os países pobres”.

A mensagem apresenta a dívida externa como um “instrumento de controlo, através do qual alguns governos e instituições financeiras privadas dos países mais ricos não hesitam em explorar indiscriminadamente os recursos humanos e naturais dos países mais pobres”.

“A dívida ecológica e a dívida externa são dois lados da mesma moeda, desta lógica de exploração que culmina na crise da dívida”, denuncia Francisco.

Retomo o apelo lançado por São João Paulo II, por ocasião do Jubileu do ano 2000, para que se pense numa consistente redução, se não mesmo no perdão total da dívida internacional, que pesa sobre o destino de muitas nações”.

O Papa convida os crentes, em particular, a imitar a atitude de Deus, que “ouve o grito dos pobres e da terra”.

“Bastar-nos-ia parar por um momento, no início deste ano, e pensar na graça com que Ele sempre perdoa os nossos pecados e anistia todas as nossas dívidas, para que o nosso coração se encha de esperança e de paz”, aponta.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia de cada ano, com uma mensagem papal.

OC

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Agência ECCLESIA

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