«Tentamos dar-lhes ferramentas que lhes permitam ser um modelo de mudança para os outros no futuro» – Irmã Marie Akl

Lisboa, 07 mar 2025 (Ecclesia) – A irmã Marie Akl explicou o trabalho da Congregação do Bom Pastor com jovens vulneráveis, no centro de proteção em Nabaa, no Líbano, com apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), pelo Dia Internacional da Mulher.
“Ajudamos jovens vulneráveis, especialmente as que nasceram em famílias pobres. Estas jovens são vulneráveis devido à sua exposição à violência doméstica, aos abusos, à pobreza, ao tráfico e aos maus-tratos. Estes problemas conduzem à violência que tem um efeito devastador na sua saúde mental e física”, disse a irmã Marie Akl, na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo secretariado português da fundação pontifícia.
As religiosas da Congregação do Bom Pastor promovem sessões de consciencialização sobre os direitos das jovens, e envolvem também as famílias, procuram apoiar os pais e ajudá-los a proteger os seus filhos, no centro de proteção para jovens vulneráveis em Nabaa (Líbano), através de ‘workshops’ e aulas de autodefesa, as raparigas e adolescentes ultrapassam “traumas, medos e ganham uma vida nova”.
“Muitas vezes, estas raparigas não têm acesso à educação. No entanto, é precisamente o acesso à educação que permitirá adquirir as competências necessárias para saírem da pobreza e se tornarem mulheres independentes, íntegras e responsáveis”, acrescentou a irmã Marie Akl.
A religiosa da Congregação do Bom Pastor explicou que nas aulas de defesa pessoal as jovens “aprendem técnicas para se defenderem se forem atacadas”, enquanto na dança e na pintura desenvolvem “a sua autoestima”, e “elas adoram dançar”.
“Se não receberem apoio ficarão expostas às drogas, à delinquência, à prostituição ou a grupos criminosos, elas sofrem muitos traumas, ansiedade, depressão e dificuldade em confiar nos outros; proporcionar-lhes este tipo de espaços é muito importante para que possam crescer como mulheres fortes e estáveis, a maior parte não tem um espaço seguro e tranquilo, e é essencial poder dar-lhes isso”, desenvolveu a religiosa.
A Fundação AIS contextualiza que a crise económica no Líbano “é mais um fator que desestabiliza o trabalho nesta área”, porque os serviços de saúde mental são limitados e dispendiosos, a irmã Marie Akl acrescentou que “o papel do governo é tomar conta destas raparigas vulneráveis e, infelizmente, muitos centros fecharam”.
Segundo a consagrada, neste projeto que conta com o apoio da Fundação pontifícia AIS, tentam dar às adolescentes e jovens “ferramentas que permitam ser um modelo de mudança para os outros no futuro”, e não podem “falar de um sucesso absoluto”, mas algumas “obtiveram os seus diplomas e estão na universidade com excelentes notas”.
“Uma abordagem holística baseada na escuta, no apoio, no acompanhamento e também na proteção; podem encontrar-se com psicólogos, com um terapeuta da fala, com um assistente social e também ajuda nos estudos”, indicou, sobre o trabalho realizado em Nabaa, subúrbio de Beirute.
No âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala este sábado, dia 8 de março, a AIS está a realizar uma homenagem, intitulada ‘Mulheres com garra’.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apoiou 936 projetos de religiosas, no valor de mais de 10,4 milhões de euros, em 2024, principalmente projetos de construção (3 milhões de euros), veículos (1,4 milhões de euros), formação religiosa (2,9 milhões de euros) e ajuda à sobrevivência (2,5 milhões de euros); o secretariado português da AIS tem a decorrer a campanha de ajuda de emergência ‘SOS Líbano’, desde outubro de 2024.
CB/OC