Dia do Exército: Bispo do Ordinariato Castrense defende que «não basta preparar para a guerra, é preciso educar para a paz»

D. Sérgio Dinis presidiu à Eucaristia na igreja de Santa Cruz, em Coimbra, onde está sepultado D. Afonso Henriques, referindo que o exército deve ser «lugar de humanização»

Foto: Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança

Coimbra, 24 out 2025 (Ecclesia) – O bispo do Ordinariato Castrense presidiu hoje à Missa na igreja de Santa Cruz, em Coimbra, assinalando o Dia do Exército e afirmando que “não basta preparar para a guerra, é preciso educar para a paz”.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, D. Sérgio Dinis referiu que, neste tempo de mudanças, o “discernimento dos sinais dos tempos” de que fala Jesus significa reconhecer que Deus chama a uma nova forma de servir.

Não basta vencer batalhas, é preciso prevenir sofrimentos […] não basta dominar tecnologias, é preciso cultivar o coração”, salientou.

Para o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, “o Exército deve ser, pois, um lugar de humanização, espaço onde o homem e a mulher que servem a Pátria possam crescer em todas as dimensões: física, intelectual, moral e espiritual”.

“Um Exército que não forma apenas soldados, mas pessoas livres, responsáveis e solidárias; que não defende apenas fronteiras, mas protege valores; que não se limita a reagir à história, mas ajuda a escrevê-la com justiça e (com)paixão”, indicou.

Perante autoridades militares, autárquicas e civis, D. Sérgio Dinis defendeu que “o Exército do futuro — e o de sempre — não é o dos poderosos, mas dos justos e fiéis”, mencionando que “a sua grandeza não está nas armas, mas na alma”.

“E o seu verdadeiro campo de batalha é o coração humano, onde se decide entre o bem e o mal, entre o egoísmo e a entrega”, evidenciou.

A Eucaristia foi celebrada na igreja onde repousa D. Afonso Henriques, “o primeiro o primeiro chefe militar de Portugal, aquele que viu em cada combate uma forma de servir a Deus e a liberdade”, assinalou o bispo.

D. Sérgio Dinis lembrou também D. João IV, que em 1641 criou o Exército Permanente, dando corpo institucional à defesa do Reino restaurado.

Esta data une dois começos: o nascimento de uma Pátria e o nascimento do seu Exército. Não podemos dissociar a história de Portugal da história do Exército”, ressaltou.

Abordando a leitura de São Paulo, que fala de uma luta interior, o bispo destacou a “batalha invisível, travada no coração – mais exigente do que qualquer guerra exterior”, referindo-se à luta interior entre o querer bem e o praticar o mal

Segundo D. Sérgio Dinis, a verdadeira vitória e libertação espiritual “dá sentido a toda a vida humana e, em particular, ao serviço militar”.

“O soldado que se vence a si mesmo, que domina o medo, a indiferença ou a tentação de poder, é o verdadeiro vencedor. A disciplina exterior só tem valor se brotar da liberdade interior. A verdadeira liberdade é alcançada quando faço o bem que quero e não faço o mal que não quero”, disse.

Foto: Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança

O bispo realçou ainda o Evangelho como “um apelo ao discernimento” dos sinais do tempo atual que Deus coloca na vida militar e nacional, nomeando “a inteligência artificial, o ciberespaço, novos conflitos, novas linguagens.

“Mas há um sinal que nunca envelhece: o valor da pessoa humana”, vincou.

A Missa contou com a presença do chefe do Estado-Maior do Exército, general Mendes Ferrão; o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva; o comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército brasileiro, general Costa Neves; o vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Maia Pereira; entre outros oficiais generais, comandantes de Forças de Segurança, oficiais, sargentos, praças e civis do Exército.

O dia do Exército comemora-se a 24 de Outubro, data em que se celebra a tomada de Lisboa, 1147, pelas tropas de D. Afonso Henriques, patrono do Exército Português.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou a data através de uma mensagem, prestando “rendida homenagem a todos os que serviram, e servem, no prestigiado Exército Português”.

“Uma palavra especial a todos os militares do Exército que se encontram, além-fronteiras, ao serviço de Portugal. Felicidades ao Exército para que continue a dignificar, honrar e pensar Portugal!”, escreveu na nota publicada no site da presidência da República.

LJ/OC

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