Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações
Lisboa, 10 jun 2015 (Ecclesia) – As missões portuguesas espalhadas por todo o mundo continuam hoje a ser, apesar da crise e das mudanças sociais, um meio essencial de os emigrantes lusos permanecerem ligados ao seu país.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) destaca “a língua e a catequese” como duas das razões que mais motivam a procura das missões católicas nacionais, em solo estrangeiro.
“O querer que os filhos continuem a caminhada em Igreja, que em alguns países eles não percam a ligação com a língua. E a catequese em português é uma forma de continuar e cultivar, não é só o falar em casa”, realça Eugénia Quaresma.
No Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, a responsável pela OCPM destaca o modo como a fé católica continua a ser também uma forma dos emigrantes portugueses se “encontrarem e conviverem”, a par de outras realidades, como as associações e coletividades.
“O grande desafio prende-se com aqueles que não procuravam a Igreja Católica e que não a procuram”, frisa aquela responsável, que elenca depois os três eixos que caraterizam o serviço prestado aos emigrantes lusos lá fora: “o serviço pastoral, social e cultural”.
A partir das instalações da OCPM, situadas na sede da Conferência Episcopal Portuguesa, em Lisboa, Eugénia Quaresma vai coordenando todos os processos que chegam.
Desde “pedidos de ajuda” a “solicitações de informação”, feitos através dos missionários no terreno, das próprias pessoas envolvidas ou mesmo “através dos jornais”.
Além das missões portuguesas na diáspora, a OCPM está também particularmente atenta aos “migrantes que cá estão”, das várias nacionalidades.
O acompanhamento é feito “através das reuniões que vão sendo feitas por exemplo ao nível do município de Lisboa, com diferentes associações de emigrantes”.
Eugénia Quaresma destaca por exemplo o problema “da habitação”, que implica “visitar alguns bairros, estar em contacto com as pessoas, ouvir as suas dificuldades e saber como articular isso com outras instituições”, para desbloquear a situação.
Criada em 1962, com o intuito de coordenar, acompanhar e apoiar o trabalho de muitos sacerdotes espalhados pelo mundo junto dos emigrantes lusos, a OCPM trabalha em parceria com outras organizações da Igreja Católica em prol dos migrantes, deslocados, pessoas em situação irregular no país e dos refugiados.
Colabora também com publicações e órgãos de Comunicação Social de inspiração cristã interessados nas migrações e asilo; entre outros elementos, fornece material litúrgico, catequético e ecuménico às comunidades.
No seu 50.º aniversário, o organismo foi reconhecido com um Louvor (747/2012) do Governo português, que destacou o seu “exemplar trabalho de acompanhamento e de apoio às comunidades migrantes” e a sua “capacidade de adaptação aos novos tempos”.
HM/JCP