Papa destaca 500 anos de «coragem e fidelidade» do exército pontifício A Guarda Suíça Pontifícia vive hoje um dia de festa, no Vaticano, com a cerimónia de juramento de 33 novos recrutas. As celebrações começaram pela manhã, com a Missa presidida por Bento XVI em que se assinalaram os 500 anos da fundação do Corpo da Guarda Suíça Pontifícia. Na Basílica de São Pedro, o Papa destacou os cinco séculos de “coragem e fidelidade” do exército pontifício, frisando que esta “é uma história que fala, há várias gerações, de valores humanos e espírito cristão”. Concelebraram com Bento XVI vários Cardeais da Cúria Romana, para além de Arcebispos e Bispos, em especial da Suíça. Aos “seus” soldados, o Papa deixou uma mensagem de gratidão, frisando que “sois jovens motivados pelo amor a Cristo e à Igreja, que se colocam ao serviço do Sucessor de Pedro”. “Para alguns de vós a pertença a este Corpo de Guarda foi limitada a um período de tempo, para outros prolongou-se até tornar-se uma escolha de toda a existência”, lembrou. Para Bento XVI, “ser Guarda Suíço significa aderir, sem reservas, a Cristo e à Igreja, prontos para dar a vida; o serviço pode cessar, mas por dentro permanece-se sempre Guarda Suíço”. Após os agradecimentos, o Papa convidou os guarda a “olhar para o futuro” e andar em frente “com coragem e fidelidade”. Esta tarde, 33 novos recrutas prestarão o seu juramento numa cerimónia solene que assinala o aniversário do saque de Roma pelas tropas do imperador Carlos V, em 1527. O Papa Clemente VI salvou-se da ofensiva ao refugiar-se no castelo de Sant’Angelo, mas 147 Guardas perderam a vida ao defendê-lo. O Capelão da Guarda Suíça dá leitura ao juramento, que diz: “Juro servir com fidelidade, lealdade e honra o Supremo Pontífice João Paulo II e os seus legítimos sucessores, e dedicar-me a eles com todas minhas forças, sacrificando inclusive, se necessário, a minha própria vida para defendê-los. Assumo igualmente este compromisso relativamente ao Sacro Colégio dos Cardeais durante a duração da Sé Vacante. Prometo ainda ao Capitão Comandante e aos outros meus superiores respeito, fidelidade e obediência. Juro observar tudo aquilo que a honra da minha posição exige de mim”. Os recrutas confirmarão o juramento na sua língua natal (22 em alemão, 9 em francês, 2 em italiano) junto do vice-comandante, tocando com a mão esquerda na bandeira e levantando três dedos da mão direita para o céu, enquanto pedem a assistência “de Deus e dos seus Santos”. Os padroeiros da Guarda Suíça são S. Martinho de Tours, S. Sebastião e S. Nikalus von Flue, “defensor da paz e Pai da Nação” suíça. O Comandante e os 110 membros do corpo envergarão o uniforme de gala, que remonta aos tempos de Michelangelo. A Guarda Suíça Pontifícia, fundada pelo Papa Júlio II em 1506, é uma companhia de voluntários, recrutados em todas as partes da Suíça, organizados militarmente, para a custódia da pessoa do Papa e da sua residência. Outras tarefas são também a vigilância dos ingressos na Cidade do Vaticano, assim como serviços de segurança e de honra durante as funções religiosas e diplomáticas do Santo Padre. Uma representação da Guarda Suíça acompanha o Papa nas suas viagens ao exterior. O corpo é formado por 110 guardas e compreende 4 oficiais (coronel, tenente coronel, major e capitão), 1 capelão, 26 suboficiais e 79 soldados. O serviço dura dois anos, com possibilidade de renovação e promoção, até um máximo de 20 anos de serviço. Para fazer parte da Guarda Suíça é preciso ser católico, nascido nesse país, com uma altura superior a 1,74 metros e ter frequentado a recruta no exército suíço. Os soldados deverão ter até 30 anos e ser solteiros, sendo possível casarem-se depois de subirem de patente. Todos, sem excepção, vivem no Vaticano.