Dia da Mãe: «Pedimos para adotar uma rapariga com trissomia 21» – Mafalda Morais Barbosa

Casal com seis filhos biológicos decidiu candidatar-se à adoção de uma criança, cuja condição conhecem de perto

Mafalda Morais Barbosa

Lisboa, 03 mai 2024 (Ecclesia) – Mafalda Morais Barbosa é mãe de seis filhos biológicos, e tomou a decisão, em conjunto com o marido João, de adotar uma criança com trissomia 21, uma realidade que já conheciam bem.

“A nossa sexta filha [biológica] tem trissomia 21 e, a certa altura, achámos que fazia sentido adotar uma criança e, nesse sentido, como sabíamos que não íamos expor grandes restrições em termos de doenças, de etnias, etc., […] achámos que era bom ser algo que nós já conhecíamos. Então, pedimos para adotar uma rapariga, que tinha que ser mais nova que a nossa filha, que na altura tinha três anos, com trissomia 21”, contou, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O casal, que já realizava voluntariado antes de se conhecer, sentiu que precisava de “contribuir para as pessoas que têm menos, que são mais desfavorecidas”.

“Há várias formas de retribuir, acho que a cada um cabe a sua e esta é uma maneira que nós achamos que podíamos fazer a diferença na vida de alguém, mas que, na verdade, a diferença depois é feita na nossa vida e dos nossos filhos. Nós achamos que estamos a dar, mas a retribuição é incrível”, afirmou Mafalda Morais Barbosa, de 45 anos.

O processo de adoção desenrolou-se “muito rápido” devido às características da candidatura apresentada, e em três semanas, Mafalda e João estavam a ter a primeira reunião com a Santa Casa da Misericórdia.

“Em dois ou três meses nós fomos avaliados e, ao quarto mês, já estávamos a conhecer a nossa filha. Isto deveu-se também ao facto de estas crianças, nós ouvimos muitas vezes: ‘Têm a noção que não há casais que peçam para adotar estas crianças, que estas crianças ficam para sempre nas instituições, não é?’. E nós respondíamos sempre: ‘Sim, é mais uma das razões pela qual nós queremos também prosseguir com este projeto’”, explica.

A nova irmã de Maria do Rosário, 15 anos; António, 13; Francisco, 10; João, 8; Graça, 7; e Mafalda, 4, está a viver com a família desde julho de 2023.

“Em quatro meses, estava em nossa casa e agora estamos a um ou dois meses de concluir a adoção para ser nossa filha para sempre, que já é, na verdade”, destaca.

Mafalda Morais Barbosa revela que os filhos biológicos reagiram muito bem à ideia de ter mais uma irmã: “Cada vez que eu digo que estou à espera de bebé é uma grande festa lá em casa. E a festa foi igual, é muito engraçado, foi igual, fizeram muito mais perguntas, como é óbvio, quem é que seria, como é que não seria, mas a festa foi igual”.

Atualmente, Mafalda descreve que o maior desafio de receber em casa uma criança de tês anos é “a assimilação de regras”.

“É uma coisa que nós todos temos que ter paciência e todos temos que ir mostrando como é que são as coisas lá em casa”, ressalta, acrescentando que aprendeu “uma forma completamente diferente de paciência e de saber esperar”.

“Ela tem-me ensinado imenso, parece que é uma maneira de maternidade completamente diferente e não é porque não é minha filha, é porque tem desafios e como eu tenho um amor tão grande por ela, tenho que ter paciência para lhe dar espaço, para ela ter o seu tempo para ir mastigando as suas coisas também”, indica.

A trissomia 21 não era uma doença desconhecida para a mãe de sete filhos recorda que descobriu na sexta gestação, aos três meses de gravidez, que estava grávida de um bebé com trissomia 21 e que, na altura, a grande preocupação se debruçou sobre as questões de saúde.

“Literalmente graças a Deus, a Mafalda não tem um único problema de saúde, não tem problemas de coração, nem gastrointestinais, é uma miúda super mexida, até não é nada hipotónica e quer dizer, a Mafalda mudou-nos completamente como família, a mim e aos meus filhos”, salienta.

Às vezes dá-me pena que as pessoas rejeitem esses tesouros, mas na verdade não fazem ideia do que lhes vai acrescentar e eu às vezes gostava também de transmitir isso nesse sentido, de as pessoas não terem medo porque nós conseguimos ter um amor tão grande que em todas as circunstâncias vamos gostar daquela pessoa e vai-nos acrescentar muito”

O Dia da Mãe, que se assinala este ano a 5 de maio, é uma ocasião vivida por Mafalda de forma especial: “Geralmente, no Dia da Mãe, eu não faço almoços, não faço jantares, por acaso o meu marido de vez em quando também faz, mas são eles que fazem tudo e vão para a cozinha com o pai, fazem tudo, e pronto, é um dia para a mãe relaxar”.

O programa 70×7 deste domingo, transmitido pelas0 7h30, na RTP2, vai destacar diferentes formas de viver a maternidade.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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