Ordenado em 2012, o padre jesuíta Nuno Branco afirma que Deus continua a ser um mistério, mas um mistério com o qual convive bem.
Depois de seis meses na República Dominicana, onde esteve um mês em retiro de silêncio, e encontrou «pessoas grandiosamente genuínas» que confiam na providência, veio conversar com a Ecclesia, revisitando o seu percurso, a partir da autobiografia que escreveu.
«O sacerdote e o poeta encontram-se numa perceção e situação, que aquilo que produzem atira aquele que vê para uma dimensão maior. Uns chamam ‘transcendência’, outros chamam ‘mistério»’, outros chamam ‘Deus’.»
«Há uma suspeita grande à volta da figura do artista. Podíamos dar-lhe mais voz. São pessoas com uma intuição muito grande, que captam, pela sua sensibilidade, uma realidade que nos escapa. Têm a capacidade invejável de o transmitir e testemunhar, e nesse testemunho gerar aquilo que experimentaram e viveram. As artes, a pintura, a música, o cinema, o teatro, a literatura, põem o leitor, ouvinte, audiência, numa situação de espanto. Quantas vezes, assistindo a um espetáculo, a um concerto, a uma leitura de um romance, fomos colocados perante uma experiência religiosa?»
«Colocamos a ênfase na ética e na moral e não na estética. Damos testemunho de uma experiência ainda não feita».