Deus no contexto citadino

A uma semana do início das visitas pastorais à cidade de Braga, o Arcebispo de Braga defendeu, durante a celebração de Cristo Rei, na Sé, que o Reino de Deus ainda não está edificado e que compete aos cristãos torná-lo visível. “Ser Igreja «na» cidade é sinónimo de querer ser Igreja para a cidade. Quanto mais nos comprometemos com a problemática existencial, no caso concreto dos bracarenses mais somos Igreja no meio deles e com eles” – disse D. Jorge Ortiga. No último domingo do ano litúrgico, o prelado lembrou que o dia era de compromisso para todos os cristãos, mas sobretudo para os Movimentos Apostólicos que, no final da celebração, fizeram o seu compromisso para o novo ano pastoral. O Arcebispo referiu que as visitas pastorais à cidade não podem ser o cumprimento de uma mera obrigação, mas encaradas como uma graça de Deus que pode dar mais visibilidade nesta cidade com fortes tradições cristãs. “Cristo Rei é dinamismo e obrigação de ultrapassar os confins dos templos e igrejas” – defendeu D. Jorge Ortiga que manifestou alguns desejos para as visitas pastorais à cidade que se avizinham. “Trata-se de sair do mundo em que habitualmente respiro para celebrar um encontro com todos e a cada um gritar, talvez palavras silenciosas dum mero cumprimento ou sorriso, a energia e vitalidade do amor de Cristo que continua a entregar-se para que descubram e tenham a verdadeira vida” – explicou. A Igreja pode defraudar expectativas, disse D. Jorge Ortiga, mas Cristo nunca engana e como tal, é preciso não confundir e ter a coragem de “aceitar Cristo para que a Igreja de Braga seja o que deve”. Nas visitas pastorais, o prelado quer mostrar uma Igreja perita em humanidade e solidária com os homens. “Não nego a importância do culto e o desafio que a actualidade lança à renovação da nossa vida litúrgica. Penso, porém que devo questionar as comunidades para que se interroguem sobre as verdadeiras componentes da vida humana”. Segundo D. Jorge Ortiga, para que isto aconteça é necessário ter a coragem necessária para desmascarar as falsas antropologias “que apregoam a mera imanência e hedonismo como critério da vida”. Nesta linha, D. Jorge defendeu que a crise que a sociedade moderna atravessa deve-se, sobretudo, à falta de Deus e dos valores espirituais. Para o prelado, ser perito em humanidade supõe a consciencialização da existência de fenómenos que ultrajam a dignidade humana. “Existem situações de miséria e pobreza que deveriam estimular a fantasia da nossa caridade e proliferam os fenómenos de violência, particularmente, feminina que não deveríamos tolerar», disse D. Jorge adiantando que basta ler os jornais para sentir «sentir vergonha de certos casos”. Para D. Jorge Ortiga, os resultados do Recenseamento da Prática Dominical são um alerta para reconhecer que “as nossas igrejas cheias não podem enganar-nos”. O prelado apelou aos cristãos adormecidos para regressarem e acreditarem que é possível construir um mundo diferente. “O compromisso com Cristo e com a Igreja dar-me-ia muita alegria mas aceito o vosso pensar e os vossos comportamentos diferentes” – sublinhou

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