O futuro de uma Europa não se constrói com uma Constituição que não contemple os valores e as raízes cristãs do continente. Deus e a identidade da Europa O futuro de uma Europa não se constrói com uma Constituição que não contemple os valores e as raízes cristãs do continente. Reunidos na sede do Parlamento Europeu, numerosos especialistas dos Estados-Membros e dos novos 12 países em vias de aderirem à União Europeia defenderam o “reconhecimento do facto religioso no futuro Tratado Constitucional Europeu, fundador de uma Europa reunificada”. Os 300 participantes do colóquio “Deus e Europa” analisaram, no dia 3 de Abril, o projecto do texto Constitucional Europeu e a legitimidade democrática desse texto numa iniciativa organizada pela Fondation de Service Politique, a Convenção dos Cristãos pela Europa e a Communion et Liberation-France, a partir da propostas de um grupo de 11 eurodeputados de diferentes grupos políticos e nacionalidades. O documento final, subscrito pelos participantes no encontro e conhecido como “ Manifesto de Bruxelas” reflecte o legado religioso e a matriz cristã historicamente inscritos no longo processo da construção europeia e toma claramente posição em favor de que “sejam reconhecidos no Tratado fundador da Europa reunificada a herança comum e o conjunto das fontes das quais os cidadãos extraem os valores que contribuíram para a edificação da Comunidade Europeia.” Dividido em duas partes – Liberdade religiosa, liberdade política e estatuto das Igrejas e O princípio da dignidade da pessoa humana -, o Manifesto de Bruxelas “recusa que a interpretação da Europa seja um simples espaço económico” e apresenta ainda, nesta perspectiva personalista, a sua visão a respeito de cinco questões consideradas fundamentais: O direito à vida; A família, célula fundamental da sociedade; Subsidiariedade, liberdade e responsabilidade; Luta contra a miséria em parceria com os mais pobres: condição da paz na Europa e no mundo; Progresso económico, justiça social e solidariedade. O Manifesto, depois de enunciar o contributo fundamental (embora não exclusivo) do cristianismo para a cultura e civilização europeias, afirma que “sendo a Europa o reencontro desta comum herança fundadora e de contribuição específica de cada povo, é justo e conforme à sua memória que isso seja reconhecido nos diferentes domínios em que se exprime, seja nos planos jurídico, artístico, literário e filosófico, seja também no plano político” . João Paulo II enviou uma mensagem, dirigida através do Núncio Apostólico D. Faustino Sainz de Muñoz, onde alerta de novo para a necessidade de o futuro Tratado Constitucional da União Europeia incluir “algumas exigências que os crentes consideram fundamentais: o reconhecimento da dimensão corporativa da liberdade religiosa, o respeito da identidade e do estatuto jurídico de que usufruem já as Igrejas e as comunidades religiosas nas legislações nacionais e, bem assim, a oportunidade de um diálogo estruturado entre a União e as confissões religiosas”.