Cardeal-patriarca preside a missa de abertura do ano judicial, referindo que «o amor é o critério que ilumina o caminho do juízo»
Lisboa, 31 jan 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca alertou hoje para os perigos que as ambições pessoais de ordem económica podem ter na justiça, durante a missa que assinalou na Sé Patriarcal de Lisboa a abertura do ano judicial.
“Se deixarmos que o sentido de posse nos aprisione o coração, acabaremos fechados em nós mesmos, incapazes de nos abrirmos àquela justiça que define a perfeição humana”, sublinhou D. José Policarpo na homilia, enviada à Agência ECCLESIA.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa frisou que a “busca da justiça é uma dimensão fundamental no esforço de construir uma sociedade mais perfeita, mais digna do homem, mais próxima do desígnio de Deus”.
“Quem não vive a sua vida lutando pela justiça, precisa de ser justificado, isto é, ajudado a mudar o sentido da vida e pôr-se na senda da justiça”, observou.
Referindo-se à principal leitura bíblica lida na celebração, o cardeal salientou que Cristo “concretiza no desprendimento dos bens materiais a prática da justiça”, pelo que só sabem “verdadeiramente” o que ela significa aqueles “que aceitaram segui-l’O”.
D. José Policarpo apelou à compaixão nos vereditos judiciais: “Mesmo quando se trata de julgar os que feriram a justiça, o amor é o critério que ilumina o caminho do juízo”.
“Quem menosprezou Deus e ofendeu o seu próximo, deve ser julgado com os critérios ditados pelas exigências do amor”, acrescentou.
O responsável frisou que a fé, enquanto relação de “intimidade” com Deus, “relativiza, embora não anule, a força da Lei como caminho de justiça”, ao mesmo tempo que contribui para serem lembradas as “exigências do amor”.
A “primeira manifestação” da justiça é amar a Deus “sobre todas as coisas”, realçou D. José Policarpo, que falou dos “muitos atropelos” ao Direito relatados na Bíblia e dos seus respetivos “castigos”, encarados como “pedagogia” para retomar a equidade.
A cerimónia oficial de abertura do ano judicial ocorre ao início da tarde no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, estando previstas as intervenções do presidente da República, Cavaco Silva, da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.
O programa da sessão inclui os discursos do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento, do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto.
RJM