Desporto: Igreja deve olhar para «este fenómeno» de forma «muito acutilante e interessada», afirma coordenador do Plano Nacional de Ética (c/vídeo)

No arranque do Euro 2024, José Carlos Lima realça que futebol é «um desporto que congrega, agrega as pessoas de uma forma também identitária»

Foto: UEFALisboa, 13 jun 2024 (Ecclesia) – O coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED) de Portugal, pelo início do Euro 2024, salientou que o futebol é a “modalidade agregadora que mais se pratica”, promove “grandes paixões”, e destaca atenção ao “desequilíbrio a nível dos valores”.

“O lema deste europeu é ‘Juntos pelo Futebol’, tem sempre grandes outros lemas de promoção dos valores, ‘Não ao racismo’, o respeito, a frase ‘Respect’ que é chave, revela um pouco essa preocupação de UEFA e das entidades que coordenam o futebol, pela dimensão dos valores. Porque essa dimensão da paixão, essa dimensão de certa irracionalidade, essa dimensão também do negócio, é parte um pouco negativa deste fenómeno desportivo”, disse José Carlos Lima, esta quinta-feira, 13 de junho, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto de Portugal acrescentou que essa parte negativa “provoca um desequilíbrio a nível dos valores” e têm que se “preocupar por isso”, e assinala que a UEFA – União das Federações Europeias de Futebol – o organismo máximo responsável pelo futebol europeu, tem nos seus escritos fundamentais a “frase interessantíssima”, que o futebol, “antes de ser um espetáculo ou um negócio, ou o quer que seja, é o jogo”.

“A UEFA diz isto para proteger aquilo que é fundamental no futebol, que é o jogo, os valores do jogo. E não tanto aquilo que as pessoas e a Comunicação Social se agarra, que é o espetáculo, que são os números, etc”, explicou.

Esta sexta-feira tem início a 17ª edição do Campeonato Europeu de Futebol, o Euro 2024, que se decorre na Alemanha,  até 14 de julho; primeiro com a fase de grupos, até dia 26 deste mês, e a fase a eliminar, três dias depois, a partir de 29 de junho.

“Esta modalidade do futebol, na maioria dos países, é realmente a modalidade agregadora que mais se pratica e que também promove grandes paixões. O futebol realmente é um desporto que congrega, agrega as pessoas de uma forma também identitária, que consegue levar os adeptos atrás de um clube, encarnar o clube como sua casa, a tornar o clube seu, e, portanto, é um poder bastante grande”, desenvolveu José Carlos Lima.

O Plano Nacional de Ética no Desporto, uma iniciativa governamental no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) desde 2012, explica o seu coordenador, “é um plano preventivo”, que vai às escolas, aos clubes, que dinamiza “muitas ações de formação” e produz recursos pedagógicos.

“Para dizer, o desporto tem um conjunto de valores – o respeito, a amizade, a promoção do caráter, o crescimento com a comunidade, etc. -, que nós temos que proteger e velar e cuidar porque, se esses valores desaparecem, nós não temos desporto, o desporto não tem essa dimensão social”, realçou.

“A Igreja deve olhar para este fenómeno, esta atividade humana, de uma forma muito acutilante e interessada”, afirmou o coordenador do PNED.

Na próxima quinta-feira, dia 20 de junho, a Universidade Católica, em Lisboa, recebe o 4.º Colóquio ‘Desporto, Ética e Transcendência: Desporto, liberdade e democracia’, enquanto o Vaticano promoveu o Congresso Internacional sobre Desporto e Espiritualidade (16 a 18 de maio), intitulado ‘Colocar a vida em jogo’; o Papa enviou uma mensagem ao evento organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, que tem como prefeito o cardeal D. José Tolentino Mendonça, e pela Embaixada de França junto da Santa Sé.

José Carlos Lima recordou que o Vaticano, em 2018, publicou ‘Dar o melhor de si – documento sobre a perspetiva cristã do desporto e da pessoa humana’, do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé), e com uma mensagem do Papa Francisco a saudar o primeiro documento da Santa Sé sobre a prática desportiva.

HM/CB

 

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