Desmistificar o problema das Migrações

Cáritas prepara Fórum sobre Migrações e Desenvolvimento “Construir Pontes ou Barreiras: explorando as complexas dinâmicas entre migrações e desenvolvimento” é o temática a explorar no 5º Forum de Migrações marcado para Portugal entre os dias 20 e 22 de Setembro de 2007. Um encontro onde se pretende reunir especialistas portugueses e europeus envolvidos na Cáritas, mas também governantes disponíveis para discutir amplamente a questão da imigração, numa altura em que Portugal assumirá a presidência da União Europeia. O programa final do Fórum será conhecido no final de Março. Iosefina Cristina Loghin, Presidente da Cáritas Europa está em Portugal com o objectivo de divulgar o encontro e lançar simultaneamente um 3º relatório da Cáritas Europa sobre “Migrações, um passaporte para a pobreza”. O Fórum será uma oportunidade para “trocar experiências entre as Cáritas que lidam com a questão da imigração”, sublinha Iosefina Cristina Loghin, destacando Espanha e Portugal que são países do mediterrâneo como países de transito e de chegada dos imigrantes africanos. Mas tem também como objectivos aprofundar o papel que a Cáitas pode ter na dinâmica das migrações e do desenvolvimento, aumentar a percepção, dentro da instituição para a interacção destas duas questões e potenciar acções de «lobby» para concretizar as conclusões. A questão está em agenda política, mas é preciso incluí-la também na agenda social. O 3º relatório da Cáritas Europa sobre “Migrações, um passaporte para a pobreza” é um documento que juntou os contributos das Cáritas de todos os países da Europa, que conta também com algumas recomendações feitas pelos governos envolvidos. O relatório aponta a necessidade de olhar para os “imigrantes que já se encontram nos países”, sublinha Iosefina Cristina Loghi. Pessoas que são segregadas, mesmo estando legalizadas e não vêem o seu percurso académico reconhecido. “Não têm direito ao voto, mesmo com vários anos de permanência nos países, os seus filhos não podem ir à escola”, exemplifica, destacando que as mulheres são ainda mais vulneráveis. Há que investir em bons exemplos “e a comunicação social tem um papel importante na influência da opinião pública e na forma como esta encara os imigrantes”, afirma a Presidente Europeia da Cáritas. “É na capacidade do diálogo entre o poder político, os media e a sociedade civil que se encontram as soluções”. O relatório aponta ainda a importância de se estabelecer a distinção entre os chamados profissionais da imigração e os que procuram uma oportunidade de vida através da imigração. “Lançamos uma recomendação: abrir as oportunidades para possibilitar encontrar trabalho e desmistificar a ideia que os imigrantes vêm tirar postos de emprego”, recusa Iosefina Cristina Loghi, pois “os postos de trabalho que lhes permitem ocupar são funções que os originários desses países não querem exercer”. Realça ainda a importância de assegurar os direitos humanos no percurso do imigrante. A Caritas Europa é uma instituição que trabalha à semelhança das nacionais ou das Cáritas diocesanas, no combate à desigualdade e apela aos valores da solidariedade, mas à escala europeia. Assim tentam dar resposta no desenvolvimento, na economia mundial, em situações de catástrofe e de paz, através da comunicação e do «lobby» ou pressão que exercem junto dos governos, das entidades políticas e dos responsáveis de instituições. Isabel Monteiro realça que muitos imigrantes estão na pobreza, desemprego, se encontram em situação de «sem abrigo», na toxicodependência e que “esta é uma situação conhecida e que se tem vindo a consolidar comparativamente a outros países, destaca a Presidente interina da Cáritas Portuguesa. “É preciso uma consciência mais profunda de compromisso social na sociedade portuguesa”, com empenho para discutir as causas, pensar estratégias e formas de solidariedade, “tanto o Estado como as organizações públicas em conjunto”. A Semana Nacional da Cáritas que decorre actualmente, com desfecho marcado para o próximo Domingo, está a envolver todas as dioceses”, afirma Isabel Monteiro, que lança também o apelo à Igreja para uma activa colaboração com a Cáritas que quer ser “expressão da caridade portuguesa”, finaliza.

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