Seria importante manter a sensibilidade para os bons exemplos, as histórias de sucesso, as boas notícias
O país está em sobressalto há muito tempo. Todos se vão habituando à crise, à austeridade, às dificuldades anunciadas que ensombram a sociedade e também universos interiores já de si pouco brilhantes.
Seria importante manter a sensibilidade para os bons exemplos, as histórias de sucesso, as boas notícias, mas nem sempre é fácil desviar o olhar do que choca, do que assusta e intimida, da tristeza e do desespero de quem não pode sair mesmo das crises que o envolvem, sejam elas nacionais, internacionais ou do mais íntimo do seu ser.
Vários perdem a perspetiva. Outros limitam-se a baixar a cabeça e tentar dar um passo de cada vez, sem saberem o que vão encontrar.
A verdade é que, com um passo, pode manter-se viva uma longa caminhada, mas é fundamental que haja rumo, destino, para que a mesma não redunde apenas num passeio estéril, em círculos, vagueando pelos tormentos que exigem determinação e esperança para poderem ser superados.
Desistir do futuro é anular o presente. Ninguém consegue avançar no vazio travestido de fantasma, fingindo não ter existência ou permanecendo à espera de um milagre qualquer que, por iniciativa alheia, venha resolver os dilemas quotidianos e quase permanentes com que a vida nos presenteia.
Do ponto de vista pessoal e coletivo, este é, sem dúvida, um momento de viragem. É preciso reconhecer aquilo que nos afunda e resolver, rapidamente, essas questões, para que se encontre um novo rumo, um destino seguro e uma forma de avançar que permita evitar os mesmos erros do passado, dando um sentido de futuro ao presente.
Em cada um e na identidade nacional permanecem sementes e mesmo frutos de esperança, de iniciativa e de resistência às adversidades. Talvez pareça mais fácil olhar para o chão, abdicar do que se esconde por trás do horizonte, mas haverá sempre quem se atreva a combater as crises, sejam elas quais forem, arrastando outros para esse caminho de salvação. Sem desistir do futuro.