Desertificação em Portalegre-Castelo Branco

Igreja quer ficar junto das populações mesmo com mudanças nas «estruturas autárquicas», diz bispo diocesano

Portalegre, 01 fev 2013 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco manifestou-se preocupado com a desertificação do interior do país e afirmou que a Igreja se vai manter junto das populações mesmo que sejam eliminadas freguesias.

“Se não se deita olhos a isto, esta região vai desaparecendo aos poucos. A diocese tem vinte e tal concelhos, mas nove têm menos de quatro mil pessoas, sendo a maioria delas idosas. A maior parte das escolas fecharam. É uma situação que nos devia incomodar”, disse D. Antonino Dias, em entrevista publicada na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

O prelado sublinha que a região “está a desertificar-se e a ficar sem indústria”, o que faz com que os jovens “fujam para outras paragens”.

Esta diocese, com cerca de 220 mil habitantes, na sua maior parte católicos, tem territórios de três distritos (Portalegre, Castelo Branco e Santarém).

“Quando desaparecerem algumas estruturas autárquicas, as pessoas vão sentir-se menos seguras, mas vamos procurar que a Igreja permaneça presente”, observa o bispo, duas semanas após a promulgação da nova lei que prevê a extinção e fusão de milhares de freguesias.

“Dá pena ver o interior do país a ficar despovoado. Ficam apenas os idosos e os filhos destes vêm cá, de vez em vez, para animar as festas da aldeia e assistir às associações que dão vida às comunidades”, refere D. Antonino Dias.

O prelado, desde 2008 à frente de uma diocese que engloba populações do Alentejo, Beira Baixa e Ribatejo, fala em unidade e descarta a hipótese de divisão do território eclesial.

“Esta diocese tem 450 anos e tudo se vai globalizando dentro dela. Há um espírito comum que anima todas as pessoas. Torna é difícil a mobilidade das pessoas, mas há uma interação constante”, precisa.

D. Antonino Dias diz mesmo que não faria sentido pensar em dividir a diocese num momento em que escolas e jardins-de-infância fecham e a população envelhece.

“Há um conjunto de circunstâncias que não aconselham [a divisão]. Algumas pessoas, num certo espírito de bairrismo, podem pensar nisso, mas as mais sensatas e que olham para a realidade local acabam por concordar como está”, sustenta.

Em relação ao Sínodo Diocesano, uma assembleia consultiva cujas sessões começaram em 2012, o bispo de Portalegre-Castelo Branco espera “uma dinâmica de crescimento”.

“O mais importante do sínodo não são as conclusões – que serão importantes para traçar linhas de ação -, mas as pessoas que queremos envolver neste processo de caminhada sinodal. Estão milhares de pessoas a refletir”, conclui.

A edição digital do Semanário ECCLESIA dedica o seu dossier a esta diocese, com reportagem, entrevista, artigos de opinião e de história.

LFS/OC

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