A ajuda humanitária prestada, a cooperação ou até as trocas comerciais entre Europa e África destinam-se, muitas vezes, a manter uma dependência do continente africano face ao europeu. A acusação parte do Pe. Leonel Claro, sacerdote comboniano ligado à Plataforma Por Darfur, que vê na Cimeira Europa / África uma oportunidade para uma relação equilibrada, seja nas trocas comerciais ou nas relações políticas. O Pe. Leonel Claro lamenta que a Cimeira Europa/África, a realizar-se nos dia 8 e 9 em Lisboa, não se centre na questão dos direitos humanos, “que fique na rama e não vá ao essencial”. O sacerdote afirma não saber se deste encontro “sairão instrumentos reais de cooperação eficaz”. Pelas informações veiculadas, as negociações económicas ganham maior destaque neste encontro, mas o sacerdote comboniano lamenta que questões como o Darfur, a violação dos direitos humanos no Zimbabué ou o mais recente caso na Eritréia, “estão fora das discussões, pois está fora dos interesses de muitos”. O sacerdote afirma que os interesses económicos devem servir os interesses da população, “não apenas de alguns”. Os direitos humanos são “o problema mais perene neste momento”, acusa. A violação dos direitos humanos são “a ponta visível” dos países que têm as suas instituições sociais, políticas ou económicas viciadas, pois “sem a garantia da dignidade humana, as instituições estão condenadas à partida”.