Desenvolvimento: «Compromisso de Sevilha» reconhece dificuldades em assegurar financiamento para combater a pobreza

Conferência da ONU decorreu na cidade espanhola de Sevilha

Foto: FEC

Lisboa, 04 jul 2025 (Ecclesia) – A Conferência das Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento (Ff4D) terminou, esta quinta-feira, com a adoção do chamado ‘Compromisso de Sevilha’, mas os desafios “no financiamento” ao combate à pobreza “persistem”.

“O documento reconhece, de forma clara, as dificuldades em assegurar financiamento adequado e direcionado ao desenvolvimento sustentável e à implementação da Agenda 2030 e reitera compromissos já assumidos anteriormente pelas Nações Unidas”, lê-se num comunicado da FEC – Fundação Fé e Cooperação, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A Fundação Fé e Cooperação e Instituto Marquês de Valle Flôr participaram na Conferência das Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento, integradas na delegação da Plataforma Portuguesa das ONGD (Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento), entre 30 de junho e 3 de julho, na cidade espanhola de Sevilha.

A aprovação do ‘Compromisso de Sevilha’ manifesta a vontade de 192, dos 193, Estados-Membro da Organização das Nações Unidas de “reavivar o multilateralismo e a cooperação internacional, onde Portugal teve um papel decisivo, enquanto país copresidente do Comité de Preparação da Conferência”, refere o comunicado.

Várias organizações da sociedade civil e agências internacionais de desenvolvimento reconhecem que o ‘Compromisso de Sevilha’ marca um “avanço técnico importante, com foco reforçado na mobilização de capital privado, no triplo aumento do financiamento pelos bancos multilaterais e no lançamento da Plataforma de Ação de Sevilha, criada para impulsionar a implementação do compromisso”.

“A criação da Plataforma de Ação de Sevilha é a oportunidade para reverter a situação de pobreza extrema em que vivem 700 milhões de pessoas e a afirmação da Coerência das Políticas para o Desenvolvimento um importante instrumento para esta concretização”, refere Ana Patrícia Fonseca, diretora-executiva da FEC.

A FEC e o IMVF destacam a inclusão e reconhecimento da Coerência das Políticas para o Desenvolvimento (CPD) no ‘Compromisso de Sevilha’, relembrando que são “necessárias respostas e políticas coerentes que contribuam para o desenvolvimento em todas as regiões e em todas as áreas de intervenção – alterações climáticas, comércio e finanças, migrações, segurança e segurança alimentar”.

“Num momento em que as desigualdades globais se aprofundam e os prazos da Agenda 2030 se aproximam, é essencial que os Estados atuem com ambição e eficácia”, refere Ahmed Zaky, Administrador Executivo e Direção de Projetos, do IMVF.

Estas respostas são “urgentes” face “às necessidades das 3,4 mil milhões de pessoas que vivem em países que gastam mais com pagamento de juros da dívida do que com educação ou saúde”, sublinha a nota.

Ao longo da conferência, foi assumido por diversos Estados e entidades que “existe riqueza mundial suficiente”, mas que esta “está profundamente mal distribuída, penalizando os países e comunidades mais pobres”.

O cancelamento da dívida dos países em desenvolvimento ou a criação de uma Convenção das Nações Unidas sobre a Dívida ficou “ainda por explorar”.

“A conferência de Sevilha foi tímida na resposta a um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento justo: o peso insustentável da dívida e a ausência de mecanismos equitativos de financiamento global”, disse Ana Patrícia Fonseca.

LFS/OC

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