«Houve incentivos para não produzir, consumimos os subsídios, desabituamo-nos de investir», aponta D. António Vitalino
Beja, 22 abr 2013 (Ecclesia) – O bispo de Beja considera que é preciso “encontrar possibilidades de trabalho”, mesmo que não seja através de “pleno emprego remunerado”, dado que “a preguiça e ociosidade são origem de muitos vícios e destroem a dignidade da pessoa”.
Na nota semanal enviada à Agência ECCLESIA, D. António Vitalino apela à criação de “vias alternativas” ao trabalho a tempo inteiro, “complementadas com o ócio, a vida social, cultural e familiar, o desporto, o voluntariado social e apostólico”.
O prelado sustenta que os recursos ao dispor de Portugal “foram mais usados para bens de consumo e entretenimento, e pouco para a formação, investigação, enriquecimento das nossas relações sociais e familiares” e “voluntariado”.
Uma das consequências desta opção manifesta-se com o desemprego: “Sentimos o vazio da inutilidade da nossa vida, o que leva ao recurso a antidepressivos e, em alguns casos, mesmo ao suicídio”.
“Houve incentivos para não produzir, consumimos os subsídios, desabituamo-nos de investir e, com a crise mundial, com o corte dos créditos, sem os instrumentos e os hábitos de trabalho, chegamos a esta situação económica e a este estado de espírito”, aponta.
D. António Vitalino observa o “espetáculo triste dos centros históricos” das cidades “sobretudo aos fins de semana”, que “ao contrário de outros países da Europa” ficam desertos por causa dos centros comerciais, onde “passeiam” famílias “sem dinheiro” num crescendo de “depressão e frustração”.
“Além dos investimentos em ordem à criação de emprego e da correspondente procura de trabalho por parte das pessoas, precisamos de formação para novos hábitos de urbanismo e de ocupação do nosso tempo”, assinala o bispo de Beja.
A sensibilização para os “valores sociais, culturais, familiares e religiosos” vai fortalecer a “autoestima, esperança e alegria de viver”, assinala o prelado.
RJM