Desemprego: Aposta no empreendedorismo deve estar primeiro do que apelos à emigração

Geração jovem «precisa de oportunidades mas também que confiem nela», diz João Meneses, professor universitário

Lisboa, 21 dez 2011 (Ecclesia) – A aposta no poder de iniciativa dos desempregados deve estar primeiro do que os apelos à emigração feitos por membros do Governo, considera João Meneses, professor universitário e quadro da Câmara Municipal de Lisboa.

Em entrevista ao programa ECCLESIA na Antena 1, o economista sustenta que, “mais do que emigrar”, a alternativa à falta de trabalho é o “empreendedorismo”, num país onde há “muitos jovens” com “entusiasmo, criatividade e conhecimento” que não têm “espaço para desabrochar”.

O antigo presidente da Tese, organização de desenvolvimento social, está convicto de que “grande parte dos jovens já cumpre o que lhes cabe, ou seja, estarem disponíveis para a mudança e terem capacidade”, faltando agora que o “sistema lhes dê as devidas oportunidades”.

Referindo-se aos convites à emigração lançados por membros do Executivo, o responsável considera que “é muito bom as pessoas terem uma experiência de mundo e circularem pelo estrangeiro, mas também é muito importante que não o façam por não haver oportunidades” no país.

“Esta geração precisa que confiem nela, sob pena de ela própria não confiar em si própria. E se assim for não vamos conseguir entrar numa nova fase de entusiasmo, desenvolvimento e coesão”, salienta o coordenador do Gabinete de Apoio à Mouraria, bairro da capital de “intervenção prioritária”.

Depois de mencionar o programa “Acredita Portugal”, de incentivo ao empreendedorismo da juventude, que este ano teve 7 500 concorrentes motivados a “fazer alguma coisa por si e pelo país”, o responsável sugere a criação de um “sistema facilitador” que potencie as ideias dos jovens.

João Meneses pensa que o investimento na criatividade juvenil vai converter-se em “empresas, emprego e impostos que possam ser redistribuídos”: “Isso sim, vai trazer riqueza ao país, não só no domínio económico mas em sentido amplo”.

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2012, que se assinala a 1 de janeiro, Bento XVI “é muito claro a dizer às instâncias superiores, como a família, escola, media e políticos, entre outras, que têm de olhar para os jovens com grande sentido de exigência, mas também com grande sentido de liberdade e compreensão”, diz João Meneses.

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel sugeriu esta terça-feira a criação de uma agência nacional de apoio à emigração, na sequência das declarações do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que numa entrevista aconselhou os professores desempregados a procurarem emprego nos países de língua portuguesa.

A Comissão Europeia, por seu lado, quer ajudar os Estados membros a combater a taxa de desemprego juvenil, que é de 21%, com cinco milhões de jovens sem trabalho, pelo que apelou aos países para utilizarem melhor o Fundo Social Europeu, que dispõe de 30 mil milhões de euros para esse efeito.

PRE/RJM

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